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terça-feira, 31 de maio de 2011

A GRAÇA E A DEPENDÊNCIA - Parte 1 de 2


("Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" - II Pedro 3:18-a)

            O sentimento de auto-confiança e independência que se observou no primeiro casal da história originou-se das falácias do pai da mentira, o qual foi retirado da presença de Deus por causa de sua presunção de querer ser igual a Deus, ou melhor, maior do que Ele. Tal sentimento foi transmitido em Adão, sendo a marca de uma natureza pecaminosa (iníqua). No universo, nenhum ser é ou pode ser independente. O Criador, o Soberano e Absoluto, o Todo-Poderoso, o Deus triúno, é o único ser totalmente independente dos demais. A trindade age sempre de comum acordo e, nesse aspecto do agir conforme o Seu propósito, ela é por assim dizer dependente de si mesma. Por isso, o Filho não veio fazer a Sua vontade enquanto esteve entre os homens, e o Espírito Santo não foi enviado para falar de Si mesmo, mas para revelar Cristo, que é a própria verdade.
         A graça e a verdade reveladas em Cristo são instrumentos da ação divina no universo e constituem-se fatores imprescindíveis na regeneração do espírito humano e na santificação da alma. Sem a manifestação da graça e sem a revelação da verdade não há fé, nem salvação, nem liberdade. Por isso, Jesus declarou: "E conhecerão a verdade, e a verdade vos libertará". E, ainda: "Se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres" (João 8: 32 e 36). Entre Cristo e a verdade há perfeita simbiose e identificação. Ele veio cheio de graça e verdade, e faz-se revelar em nós por graça e por intermédio da verdade da Palavra de Deus. Somos regenerados pela Palavra (a verdade) e pelo Espírito (João 3:5).
            Em Filipenses 2: 5 a 10 lemos que a natureza de Cristo é uma natureza de submissão e obediência. Cristo é a expressão máxima da dependência que Deus-Pai quer dos Seus Filhos. Conquanto Seu nome tenha sido posto acima de todo nome, sendo dEle, por Ele e para Ele todas as coisas (tudo converge para Cristo), o Filho entregará todas as coisas que lhe foram sujeitas ao Pai, conforme determinado pela própria Trindade. Sem dúvida, Cristo é a essência da dependência, e a base dessa dependência é a união proveniente do amor, que é a própria essência de Deus. Quando somos alcançados por esse amor, podemos dizer como TER STEGEN: "Necessito de alguma lei para manter-me cativo a Ti? Cativo exulta meu coração; jamais quero ser livre aqui". GLÊNIO PARANAGUÁ, a propósito, escreveu:
"A vida cristã é um relacionamento de profunda liberdade nos limites do amor. A amizade do cristão é fruto do amor incondicional de Deus e da alegria prazerosa em obedecer a vontade de Deus determinada pela lei da liberdade e pelos ditames do amor. Como ensinava Sto. Agostinho: Ama e faze o que queres. Não há outro postulado nem outro mandamento capaz de tornar a vida mais significativa. Deus nos chamou para andarmos na liberdade do amor e assim provocarmos relacionamentos que evidenciem a natureza de sua graça inconquistável" (in Jornal "Semeador", estudo "Regulamento ou Relacionamento?", Ano 7, n°. 79, Maio/2002).
            A dependência e a obediência nos limites do amor é algo divino que nos é compartilhado por graça. Não é do homem natural depender nem obedecer. Para uma vida de dependência da vontade de Deus é preciso a operação da graça, isto é, a manifestação da vida de Cristo em nós. Cristo não é um exemplo a ser seguido; antes, uma pessoa que precisa viver em nós. Por isso, como bem observou J. E. CONANT, "a vida cristã não é vivermos com a ajuda de Cristo, é Cristo vivendo a Sua vida em nós". Crescimento na graça, portanto, implica necessariamente crescimento na dependência de Deus. Como Cristo se submeteu em tudo à vontade do Pai, a vida cristã normal é um viver de submissão constante aos desígnios da vontade divina. Quanto mais graça, maior a dependência. Quanto mais dependência, maior a operação da graça. Disso decorre a conclusão de que não somos chamados para um viver "feliz" do ponto de vista humano. Aos olhos dos homens, a vida cristã pode ser muito penosa, e de fato o é. JOHN BLANCHARD asseverou: "O chamado para o compromisso cristão não é basicamente um chamado para a felicidade, e sim um chamado às dificuldades". 
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CONTINUA...
 


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