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sexta-feira, 15 de abril de 2011

ADÃO E CRISTO - Parte 2 de 2

          Adão é chamado de primeiro homem (ou velho homem). Cristo é identificado como segundo homem (ou novo homem). Todos nascemos com as características do velho homem, mas quando somos regenerados, quando somos feitos novas criaturas em Cristo (II Coríntios 5:17), passamos a apresentar as características do novo homem: primeiro, no espírito, que foi regenerado; segundo, na alma, que está sendo renovada ou santificada; terceiro, no corpo, que ressuscitará incorruptível no dia de Cristo, de maneira que seremos inteiramente semelhantes a Ele. Por isso a conclusão de Paulo de que em Cristo "tudo foi feito novo". 
            Convém indagar neste ponto: Quais características você tem apresentado, as do velho homem ou as do novo homem? Não me refiro às atitudes, se são boas ou más, mas à sua natureza. Os frutos são produtos da árvore, que é a sua fonte. Deus não planta o novo homem sem antes arrancar o velho. Ele remove a antiga aliança para estabelecer a nova. Ele joga fora a roupa velha para vestir-nos com a roupa nova (Ele não faz remendo). Ele troca o odre velho pelo novo, para poder suportar o vinho novo (símbolo do Espírito Santo). Por isso, para termos um novo espírito, que possa viver unido ao Espírito de Cristo, precisávamos que ele fosse atraído ao corpo de Cristo, crucificado, morto, enterrado, e ressuscitado um novo espírito (João 12: 31 a 33; Romanos 6: 1 a 11). Nosso velho homem foi morto com Cristo. Perdemos o nosso zoê contaminado pelo pecado, e ganhamos um novo zoê unido ao Espírito de Cristo. "Nós os que morremos para o pecado" abrange aqueles que crêem nessa verdade. Se você ainda não crê, peça a Deus que lhe dê fé, porque é ofício exclusivo dEle fazer-nos crer em Sua Palavra. Primeiramente você precisa saber, conhecer a verdade (Romanos 6:6 exprime em primeiro lugar o saber). A fé vem pelo ouvir o Evangelho (Romanos 10: 16 e 17). Depois de saber, precisamos considerar a verdade como nossa, pois é dessa maneira que experimentamos constantemente que estamos "vivos para Deus em Cristo Jesus" (Romanos 6:11). 
         Nada do que Cristo fez foi em vão, e a Sua morte e ressurreição foram suficientes para tirar o ser humano de Adão (o velho homem) e colocá-lo em Cristo (o novo homem). Você crê nisso? Onde você está em relação a Deus: em Cristo ou em Adão? Peça a Deus que revele qual a sua posição e lhe dê fé para crer no Evangelho, o qual revela que o nosso velho homem morreu na morte de Cristo. A natureza adâmica foi atraída e destruída no Corpo de Cristo. Se você ainda não crê, é porque ainda não foi regenerado, não nasceu de novo, e se você não nascer de novo, não pode ver nem entrar no Reino de Deus (João 3: 3 e 5).


quinta-feira, 14 de abril de 2011

ADÃO E CRISTO - Parte 1 de 2

"O primeiro Adão foi feito Alma vivente; o último Adão, Espírito vivificante" - I Coríntios 15:45



         Geneticamente nós herdamos as características de nossos ancestrais. Trazemos no corpo e na mente traços bem característicos dos pais, ou dos avós, ou dos bisavós, ou de nossos antepassados ainda mais remotos. Nós somos aquilo que nossa árvore genealógica também foi. Apresentamos o genótipo (a herança genética) e o fenótipo (a manifestação ou as diversas manifestações do gene). A biologia ensina: "Os filhos herdam dos pais um certo genótipo que tem a potencialidade de expressar um fenótipo. Um mesmo genótipo pode expressar-se por diferentes fenótipos, dependendo de sua interação com o meio. O conjunto dos diferentes fenótipos que podem ser originados por essa interação (fenótipo + meio) constitui a norma ou amplitude de reação de um genótipo". A genética é responsável pela transmissão de características físicas, mentais e espirituais. O mesmo espírito característico de Adão foi transmitido aos seus descendentes via espermatozóide. O pecado, que passou a fazer parte da estrutura espiritual do "Primeiro Adão" foi transmitido aos que dele descenderam (Gênesis 5:3). DEAN HAMER, cientista pós-graduado pela escola de medicina de Harvard, tem trabalhado em projetos que buscam desvendar a influência dos genes no comportamento humano. Perguntado em uma reportagem sobre o objetivo de suas investigações, ele respondeu: "Pretendo descobrir o que nos faz humanos". Certamente, se ele investigasse na Palavra de Deus com a orientação do Espírito Santo, economizaria bastante tempo e dinheiro porque a ciência jamais descobrirá o que nos faz humanos, mas a Palavra de Deus já revelara há quase 4.000 anos atrás, a saber: o pecado.
          Portanto, por Adão entrou na constituição da natureza humana o pecado, que tornou o espírito (zoê) morto, a alma (psiquê) enferma, e o corpo (bios) doente. Isso lemos em Romanos 5: 12 a 14; 18 e 19. O pecado é uma natureza espiritualmente morta, incrédula, iníqua, que torna o homem separado da comunhão, do reino e da presença de Deus. É uma natureza injusta, supostamente independente, e incapaz de buscar a Deus e chegar-se a Ele (Romanos 3: 9 a 20). Esse pecado é característico da raça adâmica; é o traço de um espírito destituído de vida.
         Adão é um tipo daquele que haveria de vir: Cristo. Deus tratou a questão do pecado apenas com 2 homens na história da humanidade: Adão e Cristo. Com Adão Deus tratou quanto ao pecado para: 1o.) Alertá-Lo quanto ao seu perigo; 2o.) Assegurá-Lo da sua presença e conseqüência, depois da queda (Gênesis 2: 16 e 17; Gênesis 3: 17 e 19). Com Cristo, Deus tratou no sentido de remover, tirar, destruir, aniquilar o pecado característico da raça adâmica; por isso Cristo é considerado o "Último Adão". Em Cristo, a raça adâmica é desfeita, sendo criada uma nova raça, à Sua imagem e semelhança. De Adão herdamos naturalmente as características de sua constituição: corpo, alma e espírito. Em Cristo, perdemos as características do primeiro homem e ganhamos espiritualmente as características do segundo homem, nesta ordem: espírito (Romanos 8:9); Alma (I Coríntios 2: 14 a 16); e corpo (I Coríntios 15: 42 a 49; 54 a 57). 
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CONTINUA...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A VITÓRIA DA FÉ

"Pois todo o que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" (I João 5:4)

                  Para o verdadeiro cristão, aquele que é nascido de Deus, o mundo não é um playground, mas um ringue. Há uma luta constante entre ele e os principados, as potestades, os poderes deste mundo tenebroso, as forças espirituais da maldade nas regiões celestes (Efésios 6:12). É um engano pensar que nossa luta é contra a carne, porque essa é a luta do Espírito Santo, ou do nosso espírito unido a Ele (Romanos 8:5). Aqui há uma questão de pendência natural, e fatalmente o cristão atentará para os interesses do Espírito em detrimento dos interesses carnais, aqueles que têm origem no homem, que são pelo homem e para o homem. Carne não tem a ver tanto com o que é contrário à moral (que é conceito humano), mas com o que tem início, meio e fim no homem, e não em Deus. Esse é o motivo de sua oposição natural ao Espírito, que é Deus.
Fato é que, estando no mundo, o cristão não mais se interessa pelas coisas do mundo, como se a ele pertencesse. Não se conforma; não ama; não é íntimo; não usa suas regras, nem dele se utiliza como se dele abusasse; não fala sua linguagem; não o conhece, nem dele é conhecido. O mundo está morto no maligno, e o cristão autêntico está vivo em Cristo. Eis aí toda a diferença.
                  O cristão fala, e o mundo não escuta. O mundo fala, e o cristão não atenta. Ouve, mas não responde. O mundo guia-se pelas trevas da mentira e da maldade. O cristão anda na luz da Verdade, pois uma vez regenerado pela Palavra da verdade, nada pode contra ela, mas sim em favor dela, sendo assim um oponente natural dos poderes malignos regidos pelo "pai da mentira". Nada parece ser mais forte do que a oposição entre Verdade e mentira. Bem por isso, a primeira vestimenta que o protege nessa batalha é o cinturão da Verdade ("cingidos os vossos lombos com a verdade..." - Efésios 6:14). Sobretudo, nos incita o apóstolo, devemos lançar mão do escudo da fé, com o qual podemos apagar todos os dados inflamados do maligno (Efésios 6:16). A vitória que vence o mundo é a nossa fé, que vem pela presença dAquele que é a Verdade em nós. Cristo, vivendo em nós por Seu Espírito, é que nos faz experimentar a fé vitoriosa sobre o mundo, que é a fé dEle mesmo.
                  Crendo na verdade, lançando mão da fé como escudo, podemos vencer as lutas que nos são reservadas neste mundo tenebroso, travadas em lugares invisíveis, e podemos superar as agruras desta vida. Isso porque, com os olhos da fé fixamos nossa vista nAquele que dela é o autor e consumador, sem O qual nada podemos fazer: Cristo! Ele, ainda neste mundo, intercedeu por nós ao Pai no sentido de que não nos retirasse do convívio com o mundo, mas que nos livrasse do mal. Certamente, só pela misericórdia e graça Divinas podemos suportar a oposição que naturalmente e diuturnamente encontramos neste mundo. Só Ele pode nos sustentar e não nos deixar demover da esperança que provém da fé nEle e dEle.
                  A Palavra nos diz que os dias são maus, e que a cada dia é bastante o seu mal, não o seu bem. Convém, portanto, remir o tempo e não se deixar vencer pela ansiedade no dia de amanhã, porque cada dia trará consigo as suas preocupações. Hoje é o dia em que Cristo é glorificado na vida dos filhos de Deus, e estes podem lançar mão da fé dEle para prosseguir adiante. O amanhã trará consigo suas conseqüências, e também a certeza de que a fé que nos foi outorgada em Cristo é a única garantia de vitória sobre as tentações, provações, tribulações e embates desta vida. Até o dia em que alcançaremos aquilo (ou Aquele) para o qual também fomos alcançados.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O DIREITO DE ACUSAÇÃO E A LIBERDADE DA JUSTIFICAÇÃO - Parte 2 de 2


"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica" (Romanos 8:33) 

                  O diabo tem muitos filhos neste mundo, e muitos seguidores no mundo invisível. As armas, os métodos e os objetivos lhes são comuns: armas da mentira; métodos de acusação; e objetivo de matar, roubar e destruir. A defesa dos verdadeiros filhos de Deus, por outro lado, está em Cristo. Ele é não apenas o nosso Defensor, mas também a nossa própria defesa. Em Cristo, a dívida já foi paga e a pena já foi cumprida, desde que Ele nos incluiu em Seu corpo, fazendo-nos morrer, sepultar e ressuscitar nEle (cf. Romanos 6), em novidade de vida. Vida do espírito, não da carne. Vida de liberdade, não de escravidão. Vida de paz, não de confusão. Vida de amor, não de medo. Vida de misericórdia, não de acusação.

                  Aos santos faz sentido a exortação: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pelo lei da liberdade, porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o Juízo” (Tiago 2: 12 e 13). O padrão da lei do pecado e da morte é acusação. O padrão da lei do Espírito de Vida é compaixão. A quem já foi, de fato, liberto do pecado e de suas conseqüências não fica bem o exercício do “direito de ação”, ainda que esteja coberto de razão. Já se disse que “morto não tem direito” e, nesse pensar, nosso direito é não ter direito algum, muito menos de acusar. O inverso também se verifica: quanto maior a escravidão; quanto maior o sentimento de culpa em um indivíduo, maior a necessidade e a tendência de imputá-la a outrem, bem como de apontar os erros (ainda que inexistentes) dos outros. A ilusão de sucesso nessa empreitada é grande, pois quanto mais o culpado acusa outros, mais cresce o sentimento e o peso da própria culpa, ainda que nunca seja revelada.

                  Quem acusa e aponta os erros dos outros, mesmo ciente dos próprios erros, acaba se esquecendo de que, para Deus, aquele que tropeça em um só ponto da Lei torna-se culpado de todos (Tiago 2:10). Portanto, quem acusa, embora no exercício (legítimo para alguns) do seu “direito de ação”, revela interesses diametralmente opostos aos interesses de Cristo - Senhor, Salvador e Intercessor - o qual está à direita do trono de Deus para defender os que já foram justificados pelo Seu sangue, nunca para acusá-los.


                  Lado outro, para quem está morto em Cristo e vivo nEle, nenhuma condenação existe, nenhuma denúncia subsiste, e nenhum espírito de acusação persiste.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O DIREITO DE ACUSAÇÃO E A LIBERDADE DA JUSTIFICAÇÃO - Parte 1 de 2

"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica" (Romanos 8:33)


                  A Constituição da República Federativa do Brasil assegura fundamentalmente que nenhuma Lei excluirá da apreciação do poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5°., inciso XXXV). Disso decorre o “princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional do Estado”, de maneira que tanto o poder de julgar vê garantida a soberania de sua atuação, quanto o cidadão se vê protegido pelo “direito de ação”. Este último é classificado pela doutrina como um direito constitucional público, subjetivo e abstrato. Público, porque pertence a todos, não a determinadas pessoas ou grupo de pessoas. Subjetivo, porque está subordinado ao juízo de conveniência pessoal. Abstrato, porque pode ser exercido independentemente da existência em concreto do direito reclamado ou da ameaça ao mesmo. Vale dizer: o “direito de ação” é indistintamente de todos, subordinado à conveniência pessoal de cada um, e pode ser exercido ainda que não haja efetivamente direito ou ameaça a direito a reclamar em Juízo.
                  Bem por isso, no Brasil, Juiz algum pode julgar improcedente uma ação judicial, quer no âmbito cível, quer no criminal. O que se julga procedente ou não é o pedido contido na ação.

                  Fazendo um paralelo com a realidade espiritual, mutatis mutandis (como diriam os romanos, mudando o que pode e deve ser mudado), Deus concede a toda alma vivente, e até às potestades das trevas que insistem em invadir as regiões celestiais, o “direito de ação”. Isso implica dizer que qualquer que faça parte desses dois grupos pode expor suas queixas e acusações. Até mesmo Satanás, que já foi derrotado e aniquilado na cruz, continua a exercer o seu direito público, subjetivo e abstrato de reclamar e de denunciar. Ele é quem acusa os filhos de Deus dia e noite perante o Seu trono (Apocalipse 12:10).  Ainda que nenhum direito lhe assista, e que seja de todo improcedente o pedido ou o escopo de suas acusações, Deus lhe ouve os motivos e, sem se abalar em Seus propósitos e juízos, deixa a cargo do Filho (advogado dos filhos que sentado se encontra à direita do Pai), a defesa através da justificação pelo sangue derramado.

                  Contra os filhos de Deus não procede qualquer acusação, de quem quer que seja. Bem o disse Balaão a Balaque: “como amaldiçoar o que Deus não amaldiçoou? E como denunciar a quem o Senhor não denunciou?” (Números 23:8). Para os que estão em Cristo Jesus, explicaria o apóstolo Paulo muitos anos depois, não há nenhuma condenação, pois a Lei do Espírito de Vida, em Cristo, os libertou da lei do pecado e da morte (Romanos 8: 1 e 2). Ademais, “quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes, quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Romanos 8: 33 e 34).

                  Nos tribunais deste mundo que jaz no maligno, via de regra, reserva-se o lado direito do Juiz ao órgão acusador, ficando o defensor em um nível abaixo da Tribuna, ao lado do acusado. No Tribunal Divino, as posições são invertidas: o Defensor, que intercede pelos acusados, está sentado à Direita do Justo Juiz, e o acusador, em um nível inferior, solitário no exercício da acusação decorrente do seu “direito” (ainda tolerado) de ação.

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CONTINUA...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

OS 3 "NUNCAS" DO NÃO REGENERADO - Parte 2 de 2



"NUNCA" AO RECONHECIMENTO DO PECADO

"Disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que eu tiver ressurgido, irei adiante de vós para a Galiléia. Declarou Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu! Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. Mas Pedro insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Da mesma maneira disseram todos" (Marcos 14: 27 a 31).

            Duas coisas são de importante destaque, logo de cara. A primeira, é que aqui no registro de Marcos não foi apenas Pedro que negou que negaria, mas todos os que com ele estavam assumiram a mesma postura. Estavam, com a melhor das intenções, negando a própria Palavra de Deus, porque Jesus declarara que todos se escandalizariam, como está escrito. A Palavra de Deus sempre se cumpre, por isso logo se descortina a ilusão em que se encontra todo aquele que procura contemporizar a dureza das verdades contidas nas Escrituras. O segundo destaque vai para o fato de que Pedro afirmara que, se necessário fora, morreria com Jesus, mal sabendo ele que de fato seria, no Kairós, atraído àquela cruz, mas não por meios físicos, e sim espirituais.
            Se a prova máxima do pecador é ele não conhecer o próprio pecado, como dizia LUTERO, nesse episódio tal realidade se observa com bastante nitidez. Pedro não conhecia quão enganoso era o seu coração e quão profundamente arraigado estava o pecado ao seu espírito ainda não regenerado. Pedro não conhecia Aquele que iria salvá-lo, nem muito menos o método adequado, escolhido por Deus. Queria desembainhar a espada, ir para a prisão, e até morrer com Jesus, se fosse preciso, mas no momento literalmente crucial, negou-O. Do ponto de vista espiritual, Pedro não mentiu, porque de fato não conhecia Aquele que chamava de Mestre e Senhor. Não conhecendo a Cristo, não poderia conhecer a si mesmo. Por isso, no processo salvífico, a primeira coisa de que somos convencidos pelo Espírito Santo é de nosso pecado, de nossa incredulidade, de nossa cegueira espiritual.
            Pedro não poderia admitir o senhorio de Cristo antes de sua regeneração. Entre a aprovação do mundo e Cristo, o não-regenerado opta pela primeira. Enquanto a Palavra de Deus não lançar Suas raízes no fundo do espírito morto, levando-o a morrer na cruz de Cristo para ser regenerado em Sua ressurreição, o testemunho do portador de tal espírito será meramente interesseiro e circunstancial. Vindo os escândalos e a perseguição por causa da cruz de Cristo, tal pessoa logo negará qualquer envolvimento com a verdade e com Aquele que é a própria Verdade.

CONCLUSÃO

            "Nunca diga nunca" é um brocardo interessante. Contudo, só na ressurreição de Cristo foi possível a Pedro abandonar os seus "nuncas" e assumir o "sempre" da vida eterna, da vida de Cristo em seu interior: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (1a. Carta de Pedro 1:3).  Pedro só poderia fortalecer os seus irmãos e apascentar as ovelhas de Cristo depois de ser regenerado. Enquanto não regenerado, ele era um negador da verdade: do Evangelho, da regeneração e do pecado. Depois de regenerado, foi feito não apenas discípulo, mas pastor de ovelhas. Imagino que, como Paulo, que perseguia a Igreja de Cristo, Pedro, que negou em tantas ocasiões a Verdade de Deus, deve ter sido levado a uma maior conscientização do que ele era e do que Cristo era nele, de maneira a se tornar um vaso cada vez mais desprovido de si mesmo e, desta forma, preenchido e transbordado pela glória do Eterno.
            Que Deus nos ajude a nunca negarmos a Sua Palavra, quer por palavras, que por atitudes, mas a negarmos aquilo que provenha do maligno, deste mundo, e de nós mesmos.
 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

OS 3 "NUNCAS" DO NÃO REGENERADO - Parte 1 de 2


("Simão, Simão, Satanás vos pediu para vos peneirar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos. Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo para a prisão e para a morte. Tornou Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces"  - Lucas 22: 31 a 34)



            Emblemático o exemplo de Simão Pedro, discípulo impetuoso, que agia e falava por impulso, para não dizer instintivamente, o qual não apenas negou a Cristo por 3 vezes, antes da crucificação, como também já havia incorrido nos 3 "nuncas" que são sintomas fatais de incredulidade.

"NUNCA" AO EVANGELHO
"Desde então começou Jesus a mostrar aos discípulos que era necessário ir a Jerusalém, padecer na mão dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressurgir no terceiro dia. Pedro tomou-o de parte e começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti. Isso de modo nenhum te acontecerá. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço; não compreendes as coisas que são de Deus, e, sim, as que são dos homens" (Mateus 16: 21 a 23).

            Satanás é aquele que só cogita das coisas terrenas. De igual modo, todo aquele que ainda não foi regenerado, que não mudou de paternidade, que possui a natureza de serpente introduzida lá no Éden (Salmos 58: 3 a 5). Em sã consciência, é impossível a tal pessoa admitir a verdade do Evangelho, conquanto ela esteja clara no registro das Escrituras, no sentido de que Cristo morreria, como de fato morreu; seria sepultado, como de fato foi; e que ressurgiria ao terceiro dia, como ressurgiu; tudo isso em inteira conformidade com a Profecia (I Coríntios 15: 3 e 4). O não-regenerado não vê a verdade do fato, e por isso não a admite.
            Cristo morreu para tirar, aniquilar, destruir o pecado, a natureza pecaminosa de Adão em Seu corpo, deixando-a no sepulcro. Nosso velho homem foi com Ele crucificado para que o corpo do pecado fosse aniquilado e deixado sem efeito. A libertação da condenação, da escravidão e do domínio do pecado foi o escopo de Sua morte, assim como a destruição do próprio Satanás, e não apenas de sua obra. Na ressurreição de Cristo, ganhamos nova vida, novo espírito, novo coração. Essa é, em apertada síntese, a maravilhosa verdade do Evangelho, conforme exposta nas Sagradas Escrituras, que ao não-regenerado é impossível admitir, ainda que a conheça de ouvir falar.

"NUNCA" À REGENERAÇÃO
"Depois colocou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu vais lavar os meus pés? Respondeu Jesus: O que eu faço não o sabes agora, mas o compreenderás depois. Disse Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo" (João 13: 5 a 8).

            A atitude de Pedro em rejeitar a lavagem dos pés denuncia a sua ignorância quanto àquilo que Jesus queria representar com tal atitude. Jesus foi claro ao dizer que Pedro só o compreenderia depois. Assim é com todo aquele que ainda não foi regenerado: não há compreensão dos mistérios de Cristo.
            Jesus ensinou aí que quem não for lavado pela Palavra viva de Deus não poderá ter parte em Seu Reino. A lavagem dos pés dos discípulos apontava para a sua futura regeneração; a preparação para um viver santo. Jesus declarou mais adiante a alguns de seus discípulos: "Vós já estais limpos por causa da palavra que vos tenho falado" (João 15:3). O Salmista, tempos antes, descortinara esse mistério: "Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra" (Salmos 119:9). Quem promove o viver santo é a Palavra: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (João 17:17), mas não sem antes regenerar o pecador perdido nas trevas da incredulidade.
            A água é uma figura da Palavra de Deus. Somos limpos pelo lavar regenerador do Espírito Santo, que Deus derrama sobre nós por intermédio de Cristo (que é o Verbo; a Palavra) conforme lemos em Tito 3: 3 a 5. Também em Tiago 1:18 vemos que Deus nos regenera, segundo a Sua vontade, através da Palavra da Verdade (Cristo). Quem rejeita a lavagem da Água está rejeitando a própria salvação e o próprio Cristo. Por isso, quem não nascer da Água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus, porque o Reino de Deus não está dentro dele (João 3:5). Jesus demonstra, pois, em figura, a necessidade de regeneração e de santidade, necessidade essa que o não regenerado jamais irá admitir enquanto não for destruída sua natureza adâmica e introduzida a natureza de Cristo.
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CONTINUA...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O FRACASSO DA TEOLOGIA HUMANA - Parte 6 de 6

            A teologia humana é, pois, um fracasso. O conhecimento intelectual de Deus e de Sua lei sem o conhecimento espiritual, sem uma mudança de natureza, gera "mestres" segundo a concupiscência humana, pregadores de falsas doutrinas, hipócritas, blasfemadores, guias cegos que  conduzem muitos à perdição sob o pretexto de realização da vontade de Deus. A exemplo da teologia humana, o homem sem Deus é um fracasso.
          O que precisamos é de teólogos que conheçam a Deus, que estudem a Palavra de Deus como um alimento espiritual, não para nutrir o intelecto. Só podemos conhecer a Deus quando temos o Espírito da verdade em nós, o Espírito Santo que nos leva a toda a verdade. Só têm o Espírito de Deus aqueles que nasceram de Deus (João 1:13), que nasceram do alto, que nasceram da Água (a Palavra de Deus) e do Espírito (João 3:5). "É necessário que vocês nasçam de novo", foi o que pregou Jesus a um fariseu, uma autoridade entre os judeus, Nicodemos (João 3:7). O nascimento do Espírito é obra de Deus, que nos vivifica e nos leva a ressuscitar juntamente com Cristo (Efésios 2: 1 a 10) a fim de que possamos, pela fé que o Espírito nos dá, nos considerar mortos com Cristo e vivos para Deus em Cristo (Romanos 6). A vida de Cristo em nós é mantida pelo Espírito de Deus (Gálatas 2:20). Não é possível conhecer o poder da ressurreição de Cristo quem ainda não ressuscitou com Ele. Assim como acontecia com os saduceus, há muitos que erram não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus, não obstante os títulos que ostentam e que os fazem sobressair perante os outros homens como teólogos proeminentes e doutores em divindade. Muitos destes teólogos e doutores não conseguem enxergar que Deus, ao crucificar o Seu Filho, estava em seu corpo destruindo a natureza adâmica que a Ele foi atraída (João 12: 32 e 33), a fim de que o espírito caído do homem pudesse ser um só com o Espírito de Cristo na Sua ressurreição. Como dizia Paulo, "alguns ainda não têm conhecimento de Deus" (I Coríntios 15:34), ainda não foram vivificados.
            Sem o novo nascimento, portanto, nossa teologia não passa de esforço humano no sentido de conhecer a Deus e de fazê-lo conhecido aos demais. Tal esforço, todavia, é vão, não produz o resultado almejado. Só conhecemos a Deus quando Ele nos vivifica por Sua Palavra e por Seu Espírito. Sem dúvida é o que Ele tem feito na vida de muitos hoje em dia. Todavia, a grande maioria dos chamados "cristãos" permanece alheia a essas realidades. Muitos incrédulos não querem admitir a sua incredulidade. Muitos mortos falam da vida como um ideal, o qual todavia ainda não alcançaram. É hipocrisia falar do novo nascimento sem ter tido a experiência, pois não passará de retórica. É perigoso falar de teologia sem conhecer a Deus, pois produzirá mais dúvidas do que certezas na mente e no coração dos ouvintes. Quem, entretanto, quer admitir que não possui uma experiência com Deus? Praticamente ninguém. Se Deus não revelasse o vazio do coração humano, o pecado original da incredulidade, e o estado de morte espiritual em que se encontra o homem, este jamais conheceria a extensão do mal que lhe aflige.
            Sinto dizer, mais as pessoas estão cansadas de teologia humana, de pregações inconsistentes, de preceitos humanos, de filosofias mundanas, de palavras sem poder. Precisamos de teólogos verdadeiros, de líderes regenerados, de pastores comissionados por Deus. D. MARTYN LLOYD-JONES afirmou que "a mais urgente necessidade da igreja cristã é a verdadeira pregação". Eu afirmo, por outro lado, que a mais urgente necessidade do homem é a regeneração, não importa que posição ele ocupe na sociedade. Há muitos pastores não regenerados falando da salvação antes mesmo de encontrá-la e de experimentá-la. Há muitos pastores e líderes religiosos falando de Deus sem conhecê-lO. Esse quadro precisa mudar, mas certamente só Deus pode fazê-lo. Cumpre aos que já não são mais "cegos", do ponto de vista espiritual, alertar, e é o que estou tentando fazer.
            A minha oração é que essa mudança ocorra em muitas das igrejas ditas cristãs, que estão deveras afastadas da verdade, a fim de que a teologia divina, uma vez recebida, seja valorizada e ensinada nos púlpitos, para a benção dos pregadores e dos ouvintes, e para a glória do Deus Altíssimo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O FRACASSO DA TEOLOGIA HUMANA - Parte 5 de 6


            Sobre os que ensinavam falsas doutrinas por amor ao dinheiro, os quais se manifestavam na igreja primitiva e continuam a se manifestar nos dias de hoje, ensinava Paulo: "Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas e atritos constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro. De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro" (I Timóteo 6: 3 a 6). Quanto à impiedade que grassaria nos últimos dias, Paulo adverte a Timóteo: "Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a Palavra, esteja preparado a tempo  e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos" (II Timóteo 4: 1 a 4 - grifamos).
          Esse tempo a que se referia Paulo certamente já chegou e se chama hoje. Dentre as aberrações que são criadas pelos líderes das igrejas ditas evangélicas da atualidade, ouve-se falar de "torrões da terra santa, água do Rio Jordão, rosa mística, copo d'água", tudo isso acrescido às benfazejas prosperidades, conforme comenta CILAS EMÍLIO DE OLIVEIRA. Em seu artigo "Cristianismo Místico", ele nos lembra esses "fogos estranhos" que criptam nos altares das igrejas de nossos dias. Segundo o autor, "A mensagem central, aquela que conclama o pecador a reconhecer-se afastado de Deus, necessitado de arrependimento, de ser regenerado pelo sangue do Senhor, há muito tempo deixou de ser o clímax da pregação evangélica. Hoje o apelo é no sentido de receber curas, prosperidades através de elementos místicos e doses extremamente altas de "pentecostalismo", cuja identidade com o derramar do Espírito recebeu o timbre da modernidade e dotes pagãos. Como no século V quando a igreja foi invadida por levas de cristãos nominais, "convertidos" ao cristianismo por decreto, o panorama eclesial hoje possui características análogas à época de Constantino. Fosse a mensagem única e exclusiva do evangelho da graça, com compromisso com o Senhor da Igreja, e a tomada de consciência por parte do pecador de seu estado miserável, pregada nos altares das igrejas, as milhares de comunidades dadas à sanha de líderes compromissados com as benesses, não estariam tão cheias como acontece atualmente". 
          "Precisamos Novamente de Homens de Deus" é título do artigo de A. W. TOZER que, em uma análise da situação espiritual dos líderes de nosso tempo, com a propriedade de sempre, comentou: "A igreja suspira por homens que se considerem sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto. (...) Esses homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação. (...) A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam o que era a vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado. Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos. (...) Se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires" (in Revista "Fé para Hoje", ed. Fiel, n°. 1, 1999, pp. 18 e 19).
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segunda-feira, 4 de abril de 2011

O FRACASSO DA TEOLOGIA HUMANA - Parte 4 de 6

            Eis aí uma grande lição: o verdadeiro teólogo é aquele que conhece a Deus e, portanto, pode ajudar os outros a encontrarem o caminho da salvação. Há, sem dúvida, em nossos dias muitos teólogos preocupados apenas com sua reputação pessoal, com ascensão em sua carreira pastoral, com o salário, com o bem-estar pessoal e de sua família, não estando capacitados para pastorear ovelhas. Aliás, há muitos pastores atualmente que simplesmente não pastoreiam ovelha nenhuma, e alguns que se colocam na posição de ovelhas de outros pastores, sendo estes, algumas vezes, menos preparados do ponto de vista intelectual e espiritual do que aqueles. Outros há que procedem exatamente como os profetas mentirosos descritos no capítulo 23 de Jeremias, sobre os quais Deus testificou: ""Não enviei esses profetas, mas eles foram correndo levar sua mensagem; não falei com eles, mas eles profetizaram". "Portanto", declara o Senhor, "estou contra os profetas que roubam uns dos outros as minhas palavras. Sim", declara o Senhor, "estou contra os profetas que com as suas próprias línguas declaram oráculos. Sim, estou contra os que profetizam sonhos falsos", declara o Senhor. "Eles os relatam e com as suas mentiras irresponsáveis desviam o meu povo. Eu não os enviei nem os autorizei; e eles não trazem benefício algum a este povo", declara o Senhor" (Jeremias 23: 21; 30 a 32).
            Profetas mentirosos, falsos profetas, pseudoteólogos e religiosos hipócritas são todos espécies de um mesmo gênero de pessoas. No velho testamento proliferavam os profetas mentirosos. No novo testamento, notadamente enquanto Cristo estava entre os homens, grande era a manifestação dos religiosos, representados principalmente pelos fariseus. A estes, Jesus se dirigiu duramente chamando-os de hipócritas, guias cegos e sepulcros caiados, não obstante sua condição de mestres da lei e de fariseus (religiosos formalistas que se julgavam superiores aos demais). Ora, todo aquele que prega o cumprimento da lei mas não a cumpre é hipócrita, como os fariseus. Todo aquele que diz conhecer a Deus, mas não o conhece, é hipócrita, como os fariseus. Todo aquele que prega o caminho da cruz, mas nunca passou por ele, é hipócrita, como os fariseus. Foi o próprio Jesus quem disse que "se um guia cego conduzir outro cego, ambos cairão num buraco" (Mateus 15:14). O que alguns líderes religiosos, os pseudoteólogos, estão fazendo, hoje em dia, senão levando muita gente para o buraco com eles? Na concepção de Jesus, esses são os que fecham o Reino dos céus diante dos homens; não entram nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo (Mateus 23:13).

            Proliferavam no tempo da igreja primitiva os falsos profetas ou falsos mestres, sobre os quais Paulo já advertira a Timóteo, dizendo: "Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas, e que deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé. O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera. Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para discussões inúteis, querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas" (I Timóteo 1: 3 a 7). Em sua segunda carta a seu filho na fé, Timóteo, Paulo segue admoestando: "Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente diante de Deus, para que não se envolvam em discursos acerca de palavras; isso não traz proveito, e serve apenas para perverter os ouvintes. Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade. Evite as conversas inúteis e profanas, pois os que se dão a isso prosseguem cada vez mais para a impiedade. O ensino deles alastra-se como câncer; entre eles estão Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já aconteceu, e assim a alguns pervertem a fé. Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: "O Senhor conhece quem lhe pertence" e "afaste-se da iniqüidade todo aquele que confessa o nome do Senhor" (II Timóteo 2: 14 a 18 - grifo nosso).
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sábado, 2 de abril de 2011

O FRACASSO DA TEOLOGIA HUMANA - Parte 3 de 6

            Não estamos aqui defendendo o abandono do estudo teológico. Ao contrário, estamos encorajando a que freqüentem os seminários e as faculdades teológicas aqueles que conhecem a Deus, que almejam conhecê-lO melhor e ter uma base mais sólida para testemunhar das verdades bíblicas ao próximo. Para quem deseja fazer o caminho inverso, todavia, aconselhamos reflexão, e talvez essa meditação sirva de auxílio. O homem jamais conhecerá a Deus pelo esforço próprio e pelo aperfeiçoamento intelectual. Por outro lado, não há melhor seminário teológico do que uma vida de comunhão diária com Deus, na qual aprendemos a Palavra através da leitura e da prática dela em nossas vidas, instruídos e auxiliados pelo Espírito de Deus. Assim, a teologia humana é necessária para o conhecimento intelectual, mas à parte da teologia divina todo esse conhecimento é vão. A teologia divina, para ser aprendida e ensinada implica, necessariamente, mudança de coração, vivificação do ser espiritualmente morto, nascimento do Espírito, sem o qual ninguém pode ver nem entrar no reino de Deus (João 3: 3 e 5).
            O que necessitamos, portanto, é de uma teologia espiritual e de uma espiritualidade teológica, o que só alcançamos com o aprendizado diário da teologia divina mediante o curso de duração eterna ministrado no "Seminário Teológico da Cruz de Cristo" pelo "Professor Espírito Santo".
            A teologia dissociada da espiritualidade é frágil e inapta para levar ao conhecimento pessoal de Deus. A espiritualidade divorciada da teologia divina é misticismo. Quem já "passou no vestibular" da teologia divina, por outro lado, deve manter-se firme da direção do conhecimento de Deus. Em Oséias lemos um conselho do profeta: "Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo". E, ainda, uma admoestação da parte de Deus: "Pois desejo misericórdia, e não sacrifício; conhecimento de Deus em vez de holocaustos" (Oséias 6: 3 e 6). Como ensinava Pedro, devemos crescer "na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (II Pedro 3:18). O crescimento precisa ser não apenas na graça, mas na graça e no conhecimento. Obviamente, só pode crescer dessa maneira quem já recebeu a graça e o conhecimento verdadeiro de Deus.
           RICARDO BARBOSA DE SOUSA sabiamente pontuou: "Precisamos reconhecer que o propósito da teologia não é o de dar-nos mais um título de Phd e tornar nossa linguagem mais técnica e confusa, nem tampouco elevar nosso ego e tornar-nos mais narcisistas. O propósito da teologia é o de nos tornar sábios para a salvação, de dar sentido (emocional, psicológico, moral e intelectual) à vida. O verdadeiro teólogo não é aquele que escreveu livro mais volumoso, a tese mais complexa, o discurso mais erudito, mas aquele que encontrou o caminho da comunhão com Deus, que aprendeu a amar o Senhor de todo coração alma e força, que ama ao próximo como a si mesmo, que ora, que conhece a Deus e conhece a si próprio e que ajuda os outros a encontrarem o sentido de suas vidas e tornarem-se sábios para a salvação em Cristo" (Espiritualidade e Espiritualidades, extraído de http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/espiritualidade.htm, acesso em 02/04/2011).
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sexta-feira, 1 de abril de 2011

O FRACASSO DA TEOLOGIA HUMANA - Parte 2 de 6

            Nesse pensar, temos que os teólogos religiosos não são apenas aqueles que freqüentam ou que freqüentaram uma faculdade ou um seminário teológico. Dentro das igrejas temos inúmeras pessoas abrindo a Bíblia e ensinando-a sem ter conhecimento de Deus. Se estudam a Bíblia são teólogos no sentido lato da palavra, mas sem o conhecimento espiritual produzem tanto fruto espiritual quanto o teólogo ateu.
            Por mais que se esforce, por mais que evolua, a teologia humana jamais alcançará a teologia divina sem a operação do Espírito Santo. No dizer de Paulo: ""Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam", mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus. Pois quem conhece os pensamentos do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois "quem conheceu a mente do Senhor para que possa instrui-lo?". Nós, porém, temos a mente de Cristo" (I Coríntios 2: 9 a 16).
            Eis aí, portanto, o que difere o teólogo verdadeiro do pseudoteólogo: o discernimento espiritual; a mente de Cristo. Por mais que entenda de hermenêutica, por mais que utilize os silogismos, por melhor exegeta que seja, o homem natural não poderá compreender as coisas do Espírito de Deus. O homem espiritual, ao contrário, ainda que seja um iletrado terá verdadeiro poder em suas palavras (o poder de Deus), pois quem o instrui é o próprio Espírito Santo.
            Por essa razão WATCHMAN NEE comenta: "Ninguém pode trabalhar para Deus se não o conhecer. Muitos pensam que, após haverem estudado a Bíblia em seminários teológicos, estão qualificados para pregar. Permitam-me fazer uma pergunta: Ao pregar o evangelho, saímos a explicar a Bíblia ou a proclamar o Salvador? Para explicar a Palavra ou para contar as boas novas? Mesmo que esses seminários sejam idealmente bons, podem apenas ajudar as pessoas a compreenderem a Bíblia mas não a conhecerem a Deus. Hoje em dia, muitos compreendem a Bíblia, muitos podem analisar bem a Palavra, mas quantos podem falar de Deus e de como conhecê-lo? Se desejarmos trabalhar para Deus, precisamos primeiro aprender a conhecê-lo. Alguns declaram gostar de fazer o trabalho de evangelização pessoal, e gostariam de poder pregar aos outros; mas quando realmente chegam até às pessoas nada têm a dizer. Na realidade, sobre que poderiam falar? A pessoa só pode pregar a mensagem que a tocou. Só pode ajudar as pessoas naquilo que ela própria tem sido tocada por Deus. O que pode alguém realmente pregar se não conhecer a Deus? Pregar é proclamar aquilo que Deus tratou em sua vida. De outra forma, pregue o que pregar, você não conseguirá levar outras pessoas até aquele ponto. Há tantas pregações hoje com tão pouco resultado porque os próprios pregadores não aprenderam mediante o tratamento de Deus. É melhor não abrirmos a boca se tudo o que pregarmos for algum ensinamento - o resultado de duas ou três horas de preparo de um sermão. Precisamos experimentar de três a cinco anos de atuação de Deus em nossas vidas antes de estarmos aptos a pregar. Se tratarmos de algumas coisas que acontecem todos os dias, estaremos qualificados a tratar com pessoas que tenham os mesmos problemas. Fazer sermão não ajuda, mas testemunhar sim" (ob. cit., p. 28, 29 e 30).
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