Total de visualizações de página

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ASSALARIADOS SEM GRAÇA - Parte 3 de 4



Lei versus Graça

            A lei e a graça são contrapontos que também encontramos nesta parábola. É fácil notar quais trabalhadores apegaram-se à lei e quais foram beneficiados com a graça. Como bem disse Paulo, ninguém será justificado perante Deus pelo cumprimento da lei, mas sim mediante a fé (Gálatas 3:11). Como adquirimos a fé? Mediante esforço próprio? É dom inato? Provém do conhecimento da teologia ou de nossa própria vontade? Pela Palavra, a resposta é "não" para todas essas perguntas. A fé é dom de Deus, é dom da graça revelada em Cristo. O ensinamento de Paulo é de clareza solar: “A promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graça e seja assim garantida a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da Lei, mas também aos que têm a fé que Abraão teve” (Romanos 4:16). Nos versículos anteriores, o Apóstolo explica: “Não foi mediante a lei que Abraão e a sua descendência receberam a promessa de que ele seria herdeiro do mundo, mas mediante a justiça que vem da fé. Pois se os que vivem pela Lei são herdeiros, a fé não tem valor, e a promessa é inútil, porque a lei produz a ira. E onde não há lei não há transgressão” (vers. 13 a 15).
            Abraão recebeu a promessa não porque tivesse feito algo para merecê-la: foi graça. E não foi exatamente isso que aconteceu com os trabalhadores que foram sendo acrescentados à vinha? A estes, foi dito que receberiam o que seria justo, e eles não questionaram, simplesmente creram. Eles estavam desocupados e foram feitos participantes da vinha por graça de quem os convocou. Há uma clara distinção entre lei e graça nesta parábola. Ela é um retrato dos que vivem pela lei (judeus) e dos que vivem fora dela (gentios). Os primeiros, trabalhadores assalariados. Os últimos, trabalhadores agraciados. Ora, é consabido que muitos judeus têm sido justificados diante de Deus pela fé em Cristo. Trata-se do remanescente mencionado por Paulo em Romanos 11: 5 e 6. Sem embargo, a grande maioria dos judeus continua apegada à lei, ignorando que o fim da lei é Cristo, para a justiça de todo o que crê. A lei foi, no dizer de Paulo, o aio, o tutor que nos conduziu a Cristo. De fato, a lei foi dada para nos mostrar que somos incapazes de cumpri-la, incapazes de viver pelo padrão que Deus nos impõe. O único que poderia e pode cumprir a lei em sua integralidade é Cristo.
            A lei foi dada para exacerbar o pecado, pois “onde não há lei não há transgressão”. Vindo a lei, clara e evidente ficou a minha situação diante de Deus: pecador, indigno, injusto, separado de sua glória e incapaz de justificar-me ou de salvar-me.
            A Bíblia nos diz em Ezequiel 18: 4 e 20 que a alma que pecar, essa morrerá. Quando, então, descobri que eu estava morto espiritualmente? Quando me foi revelado o meu pecado. Note-se que não estamos tratando de pecados, de atos pecaminosos, de atitudes legalmente erradas ou politicamente incorretas, mas de uma natureza contrária aos interesses de Deus; uma natureza impura e desprovida da glória do Eterno. O pecado é um estado de rebeldia e independência em relação a Deus. Como lemos em Romanos 3:23, todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, mortos e cegos para a realidade espiritual.
            Por graça, Jesus Cristo veio para destruir essa natureza herdada de Adão, atraindo-a em seu corpo e fazendo-a morrer com Ele na cruz (João 12: 31 a 33). Na Sua ressurreição, Cristo foi gerando novamente, desta vez não mais de mulher, mas tão somente do Espírito Santo. Ele surge como o segundo homem, o qual é Espírito vivificante. Ele é a manifestação da graça de Deus em pessoa: “Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1: 16 e 17). Resta translúcido que só podemos conhecer o Pai e Sua maravilhosa graça por meio de Seu Filho Unigênito. A Lei e a graça, por outro lado, não são coexistentes. O fim da Lei é Cristo, não para que deixemos de cumprir a Lei, mas para que Cristo a cumpra em nós, até porque se tropeçarmos em um til sequer da Lei, tornamo-nos culpados de transgredi-la em sua totalidade. Com efeito, está escrito: “Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei”. Nada obstante, “Cristo nos redimiu da maldição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar, como está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro” (Gálatas 3: 10 e 13). Se a Lei exige a morte do pecador, só podemos cumprir a Lei se estivermos mortos em Cristo e vivos para Deus nEle. Assim, ou vivemos debaixo da Lei ou vivemos debaixo da graça. Ou estamos em Adão, ou estamos em Cristo. Não há meio termo, não há outro tipo de geração, não há uma terceira opção. Deus não melhora o homem, nem dá a ele a chance de ser salvo por obras, mesmo porque se isso fosse possível a promessa a Abraão seria inútil, e a morte de Cristo desnecessária.
            A graça de Deus é manifestada na nova criação feita a partir da ressurreição. Trata-se de uma nova vida, uma nova realidade, uma nova geração, uma comunidade que vai sendo chamada em Cristo. “Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos” (Colossenses 3:11).
            É impossível a justiça lei conviver com a graça. A graça é Cristo, o qual representa o fim da Lei. Onde Cristo cumpriu integralmente a Lei? Na cruz, na Sua morte, justificando o pecador, pois aquele que está morto justificado está do pecado (Romanos 6:7). Para que sejamos justos diante de Deus precisamos considerar-nos mortos para o pecado, mortos para o “eu”, mortos para a justiça própria, e vivos para Deus em Cristo Jesus (Romanos 6:11).
            G.S. BISHOP declarou: “A graça é uma provisão para homens que se acham tão decaídos que não podem erguer o machado da justiça; tão corruptos que não podem mudar a sua própria natureza; tão contrários a Deus que não podem voltar-se para ele; tão cegos que não podem vê-lo; tão surdos que não podem ouvi-lo, e tão mortos que ele mesmo precisa abrir os seus túmulos e levantá-los para a ressurreição. A graça é atributo de Deus na pessoa de Cristo”.
__________
CONTINUA...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para comentar, questionar, criticar, sinta-se à vontade!