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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 6


            A revelação desse propósito nos descortina uma realidade surpreendente. Conquanto a redenção do pecador seja necessária e tenha o seu valor, ela não é o aspecto principal da obra de Deus em relação ao homem, pois antes de Adão ser formado, mesmo no momento em que pronunciou o "Façamos", Deus tinha por objetivo a constituição de uma família para Si, que de qualquer maneira teria Cristo como primogênito, e irmãos dEste, conformados à Sua imagem, refletindo a Sua semelhança. FROMKE comenta: "Antes da redenção ter-se tornado necessária, o Pai tinha um propósito original o qual não necessitava da redenção para a sua realização. No entanto, apesar da redenção ser preciosa e maravilhosa para a humanidade caída e desviada, ela não passa de uma fase do grandioso plano de Deus. Deus não havia planejado que o homem pecasse para que Ele pudesse usar a redenção como um glorioso meio de demonstrar a Sua graça. O propósito de Deus no chamamento é muito maior" (p. 39/40).  Que interessante explicação sobre esse propósito nos dá o autor: "Se você tivesse um filho no qual encontrasse prazer inexplicável, não seria normal que, como pai, você desejasse ter mais filhos? É exatamente isso o que aconteceu com o Pai eterno, o qual, por natureza e escolha, desejou e propôs-se a ter uma grande família de filhos humano-divinos que são exatamente como Seu Filho Unigênito" (p. 61).
            Concluímos, pois, que o propósito eterno de Deus, revelado no Gênesis através da ordem dada pela Trindade a Ela mesma, antes da formação do primeiro exemplar da raça humana, tem seu cumprimento em Cristo, não em Adão. Conforme veremos, não é possível partilhar da natureza Divina, da imagem e semelhança de Deus, sem a cruz, sem a identificação com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição. Esse foi o processo usado por Deus para fazer o vaso novo (em substituição ao vaso quebrado), que é moldado de acordo com a Sua vontade. Esse é, também, o mistério do Evangelho que nos foi revelado, que traz à lume o modus operandi de Deus na execução do Seu projeto para o homem, que nenhum ser ou acontecimento no Universo poderá frustrar.
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domingo, 27 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 5

            Cristo (não Adão) é a imagem do Deus invisível, o resplendor de Sua glória, e a expressa imagem de Sua pessoa. O propósito de Deus, desde os tempos eternos, é fazer convergir todas as coisas para Cristo: "Pois nos elegeu nele (isto é, em Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. Em amor nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que ele derramou profundamente sobre nós em toda sabedoria e entendimento. E desvendou-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Efésios 1: 4 a 10 - comentário entre parêntesis de iniciativa nossa).
            Todas as coisas que se encontram nos céus e na terra devem convergir para Cristo. Esse é o propósito eterno de Deus. O homem deve convergir para Cristo, como as demais coisas. Adão foi apenas feitura de Deus, pois não foi propriamente parte da criação, desde que Deus cria e sustenta todas as coisas pelo poder de Sua Palavra. No Gênesis, não houve manifestação dessa Palavra no processo de formação de Adão. Cristo, como Palavra, como Verbo de Deus, estava exatamente no núcleo do conselho Divino: "Façamos". Somente quando o homem é gerado pelo Poder da Palavra de Deus, isto é, em Cristo, ele recebe a imagem e semelhança de Deus.
            O supremo propósito de Deus em relação ao homem é ter filhos. Não meras feituras de Suas mãos, mas filhos de adoção por Jesus Cristo. Ele gera filhos pelo poder de Sua Palavra e de Seu Espírito. Por isso, uma vez que em Adão só podem ser gerados pecadores, em Cristo Deus chama a Sua descendência, tendo em vista a constituição de uma família onde Seu Filho Unigênito passa a ser o primogênito entre muitos irmãos: "Pois os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Romanos 8:29). Há um grupo de homens que Deus conheceu de antemão, antes da fundação do mundo, aos quais predestinou para serem conformados à imagem de Seu Filho Jesus Cristo. Só através dessa conformação é que podemos nos considerar participantes da natureza e do propósito Divino.
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sábado, 26 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 4


            Adão foi o primeiro exemplar, o cabeça de uma raça, que ainda não havia passado por todo o processo de imagem e semelhança de Deus antes de pecar. Depois que pecou, seu espírito ficou separado de Deus, e a sua alma passou a atentar apenas para os desejos e necessidades do corpo. Alma e corpo no pecado constituem aquilo que as Escrituras chamam de "carne". Adão foi feito alma vivente. Seus descendentes, que foram gerados após a queda, eram carne mortal, porquanto herdeiros da imagem e semelhança de um ser pecador, morto espiritualmente, caído e totalmente depravado: "Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete" (Gênesis 5:3).  Em Sete foi contada a descendência de Adão. Deus resolvera fazer o homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança. Adão, em pecado, gera filhos à sua semelhança, conforme a sua imagem. Vale dizer, filhos com a mesma constituição física e espiritual do ser gerador, a saber: espírito morto, alma enferma, e corpo doente e mortal, conseqüência da natureza pecaminosa geneticamente transmitida. Aquele que foi inicialmente feito alma vivente, agora é conhecido e tratado como carne: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne" (Gênesis 6:3).
            Se o propósito de Deus era formar o homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança, e tal desiderato não havia sido alcançado em Adão, como Deus implementaria o Seu projeto? A resposta é: Em Cristo! O primeiro Adão, que foi feito alma vivente, era apenas a imagem imperfeita do Criador, pois sequer participara de Sua natureza, portanto não poderia refletir a Sua semelhança. O último Adão, Cristo, é Espírito vivificante, e expressa a imagem perfeita de Deus. Cristo é a expressão exata de Deus, em quem habita toda a plenitude da Divindade: "Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, a igreja, é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Pois foi do  agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus" (Colossenses 1: 15 a 20); "Havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo. O Filho é o resplendor de sua glória e a expressa imagem da sua pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas" (Hebreus 1: 1 a 3).
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 3

            Obviamente, a luz exterior não era a característica marcante, como já destacado alhures, porque o corpo do homem não era espiritual, sendo Deus, por outro lado, completamente espiritual. O homem era predominantemente alma, o que tornava essa imagem inicial imperfeita e incompleta, mesmo antes do pecado. O corpo de Adão era psíquico, e não espiritual. WATCHMAN NEE chega a afirmar que a palavra "imagem" não indica semelhança física: "Antes denota semelhança moral ou espiritual. Alguém expressou assim: "transformado na semelhança"; isto é, "ser conformado a uma semelhança". O propósito de Deus ao criar o homem é para que este seja transformado segundo Sua imagem. Deus queria que Adão fosse como Ele. O diabo disse: "Sereis como Deus". Mas a intenção original de Deus era que Adão fosse transformado para se tornar como Ele" (p. 12).
            Neste ponto, vemos que o propósito imutável de Deus refere-se à formação de um ser completamente moral ou espiritual, que não viva nem da alma, nem do corpo. Não é difícil constatar que o homem não tinha tal característica, nem antes nem depois da queda.
            Ao cometer o chamado pecado original, o Homem, como ser inteiro (homem e mulher) deixou de ter a comunhão de que desfrutava com o Criador. Quando Deus disse: "Certamente morrerás" referia-se a uma separação completa: primeiro, do espírito; conseqüentemente, da alma e; por fim, do corpo. Apesar do pecado, Deus não desistiu de Seu propósito de fazer o homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança. Tal propósito certamente não havia sido implementado em Adão, por isso Deus não procurou melhorar o vaso quebrado; tratou de refazê-lo, de acordo com a Sua vontade: "Desci à casa do oleiro, e vi que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas. Mas o vaso, que ele fazia de barro, se quebrou na sua mão; pelo que o oleiro tornou a fazer dele (do barro) outro vaso, conforme bem lhe pareceu" (Jeremias 18: 3 e 4 - comentamos). O oleiro não perde tempo com o vaso quebrado. Ele faz outro, da maneira que lhe apraz. Tal figura é a descrição perfeita da obra de regeneração do homem, após a queda de Adão: "Como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel" (Jeremias 18:6-b).
            Se Deus tivesse desistido de fazer o homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança, após a queda de Adão, teria Ele prometido fazer outro vaso? De outra parte, se o Seu decreto inicial tivesse sido implementado inteiramente, teria Ele deixado um remanescente da humanidade (Noé e sua família, ao todo oito almas) quando a destruiu no Dilúvio? Evidentemente que não.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 2


            Estamos nos referindo a Deus como um ser trinitário, que é a perfeita comunhão de três pessoas em uma só. Há, de certa maneira, uma identidade do ser humano formado no Gênesis com a Divindade, porquanto embora não fosse ele "três em um" era um ser dotado de três partes distintas, coexistentes e interdependentes: espírito, alma e corpo. O espírito e a alma constituem a parte imaterial, e o corpo, a parte material. O corpo comunica-se com o meio externo, visível e material. Ele mantém contato com o mundo criado através dos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. O que processa as sensações dos sentidos é a alma, ou a mente humana. Ela é a sede da inteligência, dos pensamentos, dos sentimentos, das sensações, dos desejos, da vontade. O espírito é a parte de comunicação com o Divino, com a realidade espiritual, com o invisível, com o que os órgãos e sentidos naturais não podem perceber.
            Com efeito, assim registram as Escrituras: "Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhes nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gênesis 2:7). A expressão "fôlego da vida" no original traz a idéia de "fôlego de vidas", pela infusão em um só ato tanto da vida espiritual quanto da vida almática. PEMBER explica: "O espírito do homem não tinha nada a ver com a sua forma física. Primeiro, Deus modelou a estrutura inerte e, depois, soprou nela o "fôlego de vidas", pois o original da última palavra está no plural. (...) Desejamos dar importância ao número, pois é possível que ele se refira ao fato de que a inspiração de Deus produziu uma vida bipartida (sensitiva e espiritual), a existência distinta de cada parte do que podemos, com freqüência, detectar dentro de nós mesmos pelo seu antagonismo" (p. 120). ANDREW MURRAY, por sua vez, assevera: "O espírito, vivificando seu corpo, fez do homem uma alma vivente, uma pessoa consciente de si mesma. A alma era o ponto de encontro, o lugar de união entre o corpo e o espírito. Através do corpo, o homem (alma vivente) mantinha seu relacionamento com o mundo exterior dos sentidos e podia influenciá-lo, ou ser influenciado por ele. Através do espírito ele mantinha relacionamento com o mundo espiritual e com o Espírito de Deus, de onde tinha sua origem e podia ser recipiente e ministro de sua vida e poder. Permanecendo, portanto, a meio caminho entre dois mundos, e pertencendo a ambos, a alma tinha o poder de autodeterminação, de escolher ou recusar os objetos que a rodeavam e com os quais mantinha relacionamento" (citado por W.N., p. 9).
            O que faz um ser assim constituído comparável à imagem do seu Criador? Como dissemos antes, em primeira análise, a própria constituição tripartida. Apesar de ser animal, o homem recebeu o sopro Divino e se tornou alma vivente. Era possível, pois, ter consciência do mundo exterior (através do corpo), de si mesmo (através da alma), e também de Deus (através do espírito), podendo guiar-se pelos três.  Um segundo ponto digno de destaque é que o corpo do homem era revestido pelo seu espírito. Havia, portanto, uma semelhança (embora apenas figurativa) de imagem exterior. O homem não era espírito. O que o caracterizava predominantemente era a alma, pois era o elemento que o distinguia dos animais e dos seres celestiais. Deus, sendo Espírito, "cobre-se de luz como de um vestido" (Salmos 104:2). De semelhante modo, o homem tinha um corpo, uma alma dentro do corpo, e um espírito que irradiava luz e o cobria exteriormente. Segundo PEMBER, o espírito que Deus soprara dentro do homem guardava total poder e vigor antes do pecado: "Sua influência impregnável os defendia completamente - corpo, alma e espírito - das invasões da corrupção e morte, ao passo que, ao mesmo tempo, seu esplendor, brilhando pela forma física, projetava uma auréola lustrosa ao redor de ambos (Adão e Eva) a fim de que o elemento mais espesso do corpo fosse escondido dentro do véu de glória radiante" (p. 152). 
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