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domingo, 31 de março de 2013

A FÉ É DOM DA GRAÇA - Parte 9


            GILSON CARLOS DE S. SANTOS  lançou luz sobre o tema nos seguintes termos:

            "Não há outra entrada para o céu, exceto a estreita passagem do novo nascimento; sem santidade, ninguém jamais verá a Deus (Hb 12.14). Deus uniu a fé e o arrependimento para serem as duas facetas de nossa resposta ao chamado do salvador, deixando bem claro que vir a Cristo é abandonar o pecado e renegar a impiedade. "Se falharmos em manter unidas estas coisas que Deus juntou, nosso cristianismo será distorcido", segundo J. I. PACKER. A fé salvadora, o arrependimento, o compromisso e a obediência são todas operações divinas, realizadas pelo Espírito Santo no coração daquele que é salvo. Não há obras humanas no ato da salvação. A salvação vem unicamente pela graça, mediante a fé (Ef 2.8). Sola Gratia e Sola Fide são dois dos pilares da Reforma. Entretanto, a verdadeira salvação não pode nem deixará de produzir as obras de justiça na vida do verdadeiro crente. A obra de Deus na salvação inclui uma mudança de intenção, vontade, desejos e atitudes que produz inevitavelmente o fruto do Espírito.
            Por que existem atualmente igrejas tão fracas? Por que tantas conversões são anunciadas e tantos membros arrolados às igrejas, e estas têm causado cada vez menos impacto sobre a sociedade? Por que não se pode distinguir muitos crentes dos incrédulos? Não é porque muitos chamam de crentes pessoas que na verdade não são regeneradas? Não será que muitos estão tomando "forma de piedade", negando-lhe, entretanto, o poder" (2 Tm 3.5)?
            Incrédulos fazem falsas profissões de fé em Cristo, e aqueles que não são crentes verdadeiros podem iludir-se, pensando que estão salvos. O diabo tem produzido muitas imitações de conversão, enganando as pessoas, ora com isto, ora com aquilo. Ele possui tamanha habilidade e astúcia que, se possível, enganaria os próprios eleitos.
            A Escritura Sagrada exige que a evangelização seja da parte de Deus, "por meio dEle e para Ele" (Rm 11:36). É triste dizer, mas grande parte da evangelização contemporânea é antropocêntrica - centralizada no homem. Com excessiva freqüência, as luzes da ribalta focalizam o evangelista - sua personalidade, eloqüência, a arte com que ele dispõe os argumentos, a história de sua conversão, as dificuldades pelas quais passou, o número de pessoas que se converteram pelo trabalho dele e, em alguns casos, os milagres que alguns dizem que ele realizou. Às vezes, a atenção é posta nos que estão sendo evangelizados. Ressalta-se o grande número deles, o triste estado em que se encontram - exemplificado na pobreza, doença e imoralidade - sua suposta ansiedade pelo evangelho da salvação e, pior de tudo, fala-se do bem que existe neles e os capacita a exercitarem a fé salvadora, por sua livre vontade, embora não regenerada. E quantas vezes o bem-estar dos homens - bem-estar terreno ou eterno - é a única finalidade da evangelização!
            De acordo com o Novo Testamento, a evangelização consiste apenas na pregação do evangelho, as boas novas. É uma obra de comunicação na qual os crentes se tornam porta-vozes da mensagem sobre a misericórdia de Deus para os pecadores. Todos quantos anunciam fielmente essa mensagem, sob quaisquer circunstâncias, tanto em numerosa quanto em pequena reunião, em um púlpito ou em conversa particular, estão evangelizando.
            "Ao Senhor pertence a salvação" (Jn 2.9). Qualquer meio que utilizemos para forçar nascimentos espirituais será tão eficaz quanto Ezequiel tentando costurar os ossos secos ou Nicodemos procurando dar a si próprio um novo nascimento. E o resultado será semelhante. Se o número de membros de nossa igreja é notavelmente maior do que o número de presentes aos cultos, o que se entende por conversão? Que tipo de evangelismo tem sido praticado que resulta em tão grande número de pessoas com baixíssimo nível de envolvimento na vida da igreja e sem qualquer distinção dos incrédulos?" (Revista "Fé para Hoje", ed. Fiel, nº. 2, 1999, pp. 9, 10, 12 e 14 - os grifos não constam do original).

            Do nosso conceito de salvação depende, sem dúvida, a nossa concepção de igreja. Muitos estão preocupados em projetos para a igreja que promovam o seu crescimento ou seu aperfeiçoamento, mas, no dizer de IAN MURRAY, o crescimento da igreja, em quantidade ou qualidade, "não deve ser discutido, enquanto não houver primeiramente um entendimento daquilo que a igreja é e de como alguém se torna um de seus membros. Quando essas verdades fundamentais não ocupam a prioridade, os conceitos sobre crescimento de igreja seguem na direção errada". E, questiona: "O que é um crente e como alguém se torna um verdadeiro crente? Eis a resposta do Novo Testamento: um crente é alguém que chegou a experimentar o infinito poder do Senhor Jesus Cristo, perdoando-o e concedendo-lhe uma nova vida. O que está impedindo as pessoas de chegarem a tal conhecimento? O terrível poder da depravação humana. Algo muito diferente de apenas interessar as pessoas a comprarem barras de sabão está envolvido neste assunto. Homens e mulheres são escravos espontâneos dos poderes demoníacos; amam as trevas, e não a luz. Quando falamos sobre crescimento de igreja, não estamos discorrendo primariamente a respeito da vida humana e dos interesses por coisas naturais. Estamos confrontando um adversário sobrenatural; por conseguinte, precisamos ter poder sobrenatural. A conversão significa ser trazido "das trevas para a luz e da potestade de satanás para Deus (At 26.18).
         Podemos organizar muitas coisas, mas não podemos organizar o crescimento espiritual verdadeiro. Conforme disse Samuel Lamb, o pastor chinês, a um jovem crente, nosso dever é testemunhar 'enquanto o Espírito nos guia. Ele não é uma arma em nossas mãos. Nós somos instrumentos nas mãos dEle'. E ele conclui citando John Nevius: 'Se, em alguma forma, estamos nutrindo um sentimento de confiança em nós mesmos, Deus provavelmente nos humilhará, antes de nos usar. Devemos sentir que, se alguma coisa for realizada para Cristo, isso acontecerá por meio da presença e do poder do Santo Espírito de Deus, e estejamos prontos para atribuir a Deus toda a glória'" ("A Igreja: Crescimento e Sucesso", Revista "Fé para Hoje", ed. Fiel, nº. 6, 2000, p. 17 e 28).
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CONTINUA...

sábado, 30 de março de 2013

A FÉ É DOM DA GRAÇA - Parte 8


Salvação e novo nascimento

            Se é certo que sem o novo nascimento ninguém verá nem entrará no reino de Deus (João 3: 3 e 5), a soteriologia deve preocupar-se apenas com essa operação de Deus, suas causas e conseqüências. Diga ao homem o que quiser, mas se não falar da necessidade de novo nascimento não conseguirá ter nada além de um prosélito. Há muitos pregadores querendo convencer seus ouvintes de muitas verdades no afã de persuadi-los a aceitarem a salvação. Nesse caso, não poderão testemunhar uma regeneração, pois "a persuasão não é capaz de fazer novas criaturas", como bem observou ASAHEL NETTLETON, conhecido como "o oponente de Charles Finney". Certa feita, pontuou o citado autor:
            "Dentre todos os assuntos, aquele que se refere à nossa passagem da morte para a vida com certeza é o mais importante e interessante. Ter idéias claras e definidas sobre este assunto é crucial; errar no que concerne a ele equivale a um perigo terrível. A fim de evitar uma compreensão errada sobre o assunto, afirmei que a regeneração é uma obra especial efetuada pelo poder do Todo-Poderoso. Os que erram neste assunto jamais tentaram negar abertamente que os crentes são nascidos de Deus, pois isto corresponderia a renunciar toda aparência de confiança nas Escrituras. Eles escolheram um método mais seguro para divulgarem suas opiniões: ao mesmo tempo que preservam as palavras dos autores sagrados, atacam e desprezam o significado das mesmas, de modo que a regeneração se torna uma simples aplicação de um rito externo ou uma persuasão da mente afetada de maneira comum, que resulta em uma reforma da moralidade.
            Pelágio, no século IV, inventou e advogou um esquema de regeneração que, com poucas modificações, às vezes na fraseologia ou no acréscimo e diminuição de algumas partes, tem sido o método de quase todos os sectários, os quais se apartaram dos ensinos ortodoxos do evangelho. Em épocas diferentes, autores têm surgido em diversos países, levando adiante este ilusório ensino sobre o novo nascimento em termos elaborados por eles mesmos.
            O fato é que quase todo o sistema de ensinos fundamentado em noções obscuras e inadequadas sobre este importante assunto da regeneração é apenas um reflexo da heresia de Pelágio, universalmente condenada pela igreja dos primeiros séculos, que agora se apresenta em nova roupagem e, para assegurar sua aceitação, segue os padrões do mundo moderno" ("Regeneração", Revista "Fé para Hoje", nº. 5, 2000, pp. 12 e 13).

            Jesus deu ênfase à imperiosa necessidade de nascer da Água (a Palavra de Deus, o próprio Cristo) e do Espírito, e essa tem que ser nossa pregação se quisermos ver salvação de verdade. Paulo não falava de outra coisa senão da necessidade de regeneração, o que fazia pelo testemunho constante de sua experiência pessoal de fé em sua morte e ressurreição com Cristo. Alguém tem dúvida de que Paulo era salvo? Então por que não se atenta para o que ele pregava e não se prega o que ele testemunhava? Certamente porque grande parte dos pregadores modernos ainda não tiveram a experiência do novo nascimento, portanto dela não podem dar testemunho convincente, coerente e verdadeiro. Pela praxis e por suas palavras, negam a fé como dom da graça.

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CONTINUA...

sábado, 16 de março de 2013

A FÉ É DOM DA GRAÇA - Parte 7

("Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras, para que ninguém se glorie" - Efésios 2: 8 e 9)


 A fé que salva

            De tudo isso concluo, em resposta à pergunta que sugeri, que se você ainda não nasceu de novo, isto é, se não foi regenerado, se não foi vivificado pelo Espírito Santo, se não houve troca de natureza em você, se o seu "eu" ainda domina seu coração, você certamente permanece na incredulidade. A sua suposta fé não lhe salvou; apenas fê-lo membro de uma agremiação religiosa.

            L. R. SHELTON JR., com muita propriedade, pondera:

            "A razão por que a maioria das pessoas supõem que todos os que fazem uma decisão por Cristo e uma profissão de fé nEle são salvas, é porque não acreditam que a verdadeira fé salvífica é um dom de Deus ao pecador mediante o seu Espírito (Ef 2.8). É universalmente suposto que a fé salvífica nada mais é do que um ato da vontade humana, que qualquer homem é capaz de realizar. Acredita-se que tudo quanto é necessário para a salvação é trazer diante do pecador uns poucos versículos das Escrituras que descrevem sua condição de perdido, mais alguns que contêm a palavra "crer"; segue-se um pouco de persuasão para ele "aceitar a Cristo", e a obra está feita!
            Fico aflito ao ver tantas pessoas que foram persuadidas a crer que foram salvas quando, na realidade, sua fé brotou de nada mais do que um processo superficial da lógica. Vejo um problema da falsa segurança que está totalmente baseada numa fé que brota do raciocínio carnal.
            (...) Alguém me responderá rapidamente com João 1.12, que diz: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome". É verdade; mas aquele trecho das Escrituras não termina aí. Há ponto e vírgula àquela altura, e o restante da frase diz: "... os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."
            Veja bem: a salvação vem do Senhor. A fé salvífica é um dom de Deus: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9). Por quê? porque estamos lidando com pecadores depravados cuja vontade é mantida no cativeiro por um coração depravado, e um coração depravado que ama o pecado nunca quer vir a Cristo. Lemos em João 5.40: "Contudo não quereis vir a mim para terdes vida". Por que não? porque pela sua própria natureza o pecador não vem a Cristo, nem abandona os seus pecados, nem se arrepende deles, nem se submete à autoridade de Cristo à parte de uma obra da graça divina no seu coração.
            Conhecendo a profunda depravação do coração humano, nosso Senhor Jesus disse em João 6.44: "Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer". Sei que essas palavras são totalmente diferentes do evangelismo nos dias de hoje, mas trata-se da Palavra de Deus.
            (...) Para ser aceito por Cristo, não somente devo chegar-me a Ele, renunciando toda a minha própria justiça (Rm 10.3) como mendigo de mãos vazias (Mt 19.21), mas também devo abandonar minha voluntariedade e rebeldia contra Ele. Devo beijar o Filho para que não se irrite (Sl 2.12); devo confessar e abandonar meus pecados (Pv 28.13); devo abandonar meu caminho perverso e meus pensamentos iníquos (Is 55.7). Só o poder de Deus e a graça de Deus podem operar tal coisa. Por quê? Porque a natureza humana não fará nada disto. Deve, portanto, haver uma entrega de mim mesmo à autoridade de Deus mediante o poder do Espírito Santo (Sl 110.3)".
            O autor conclui com a seguinte colocação: "Uma verdadeira fé salvífica em Cristo consiste em curvar-se diante da autoridade da Palavra de Deus, em chegar-se para Cristo e abandonar seu próprio caminho, em entregar a totalidade do nosso ser ao seu Senhorio, e em obedecer-Lhe de todo o coração" ("A Decisão Por Cristo - O Que Isto Significa?", ed. Fiel, 4a. edição, São José dos Campos-SP, 1999, pp. 88, 89 e 90 - os destaques em itálico constam do original).
            Como fez o supracitado autor, ao final de sua obra que vem de ser lida, eu pergunto: Você tem experiência dessa fé?. Se tem, não tem de que se gloriar, nem pode querer louvar outra coisa senão a gloriosa graça de Deus que o salvou.
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CONTINUA...