A solução da morte, ademais, adequou-se às exigências da lei que o próprio Deus criou e que, portanto, não poderia ser revogada. Somos justificados por meio da nossa co-morte com Cristo. Cristo não veio revogar a Lei, mas cumpri-la. Eis porque Ele declarou em João 12: 32 e 33 que atrairia todos os pecadores em Sua morte, satisfazendo assim os ditames legais originados nas recâmaras do poder legislativo divino.
O
escrito de dívida que nos exigia a morte foi cravado na cruz, precisamente
porque a natureza pecaminosa, isto é, nosso pecado, foi crucificado com Cristo.
Cristo atraiu o nosso “eu” a si mesmo em Sua morte, destruiu nossa natureza
pecaminosa, enterrou o pecado juntamente com Seu corpo, e na Sua ressurreição
nos deu a Sua vida. Disso decorre que o homem precisa ser regenerado, não
apenas justificado. A justiça satisfeita, por si só, nos deixaria na morte de
Cristo. Mas a graça revelada em Seu sacrifício nos propiciou algo mais: a vida
eterna. O apóstolo Pedro deixa transparecer em sua primeira carta que nós fomos
regenerados através da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos (I Pedro
1:3). Ou seja, a morte de Cristo foi a minha morte, assim como a Sua
ressurreição foi a minha ressurreição, oportunidade em que me foi outorgada a
vida eterna, que é a própria vida de Cristo em mim.
A
libertação do pecado é uma realidade àquele que foi regenerado em Cristo. Ela
se verifica quando perdemos a natureza do pecado e ganhamos a vida de Cristo. A
lei do pecado é substituída pela lei do Espírito de vida. Aquele que está em
Cristo é nova criatura. Sabemos que estamos em Cristo, e ele em nós, mediante o
Seu Espírito que nos foi dado (I João 4:13), o mesmo Espírito que nos vivificou
juntamente com Cristo e que nos outorgou a fé em nossa identificação com
Cristo, em nossa união eterna com Ele. As cadeias da morte e do pecado foram
desfeitas. A prisão que parecia perpétua foi transformada em liberdade e vida
eterna. Não que enquanto em vida não estejamos mais sujeitos ao erro. Ao
contrário, sabemos exatamente onde falhamos; reconhecemos a finitude e as
limitações do corpo; detectamos a fraqueza da alma; enxergamos o que é
imperfeito, mas agora sob a ótica do Perfeito que vive em nós através do Seu
Espírito.
Nada
pode tornar alguém justo perante Deus, exceto a fé que Ele mesmo concede aos
que regenera. Quem crê em Cristo não é condenado, mas quem não crê já está
condenado, e todos nós somos incrédulos por natureza, e condenados desde o
nascimento. “Este é o julgamento”, diz a Palavra, “a luz veio ao
mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram
más” (João 3: 18 e 19). Esta é a razão de tanta culpa no seio do mundo
moderno: o amor às trevas. A iniqüidade tem aumentado em progressão geométrica,
e muito poucos são os que crêem de fato. Há muitos falando em fé sem tê-la e
sem conhecê-la. Há muitos condenados que se julgam justos em sua própria noção
de justiça. Mas a verdade da Palavra de Deus é imutável, de sorte que não há
justiça fora da morte de Cristo.
O
que nos alegra é gozar da paz que é fruto da justiça divina, e saber que em
meio a tantos condenados ainda vemos pessoas justificadas, cuja culpa foi
apagada mediante a fé em Sua morte e ressurreição com Cristo. Nada que o ser
humano faça pode ser tão grave que não possa ser perdoado por Deus, pois a
fonte de todos os pecados, que é o pecado, foi destruída na cruz de Cristo.
Assim, aqueles que advogam a irrecuperabilidade de criminosos, a pena perpétua
ou a pena de morte não conhecem o caráter do perdão de Deus, nem a sua
extensão, e ignoram que a verdadeira pena de morte pesa sobre toda a
humanidade. É preciso verificar nossa situação diante de Deus. Ou estamos
mortos em delitos e pecados, ou estamos mortos para o pecado, e assim vivos
para Deus em Cristo (Romanos 6:11).
A
culpa não assola os regenerados porque o sangue de Jesus Cristo purifica
constantemente as suas consciências do pecado. Não podemos olvidar tão grande
salvação, que abrange a libertação da condenação, do poder e da presença do
pecado, garantindo-nos desde já a paz e a alegria de uma consciência isenta da
culpa dos condenados: "Olhou do alto do seu santuário; dos céus olhou o
Senhor para a terra, para ouvir o gemido dos cativos, e libertar os condenados
à morte" (Salmos 102: 19 e 20); "Quem intentará acusação
contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que os condena?
Cristo Jesus é o que morreu, ou antes, o que foi ressuscitado; o que está à mão
direita de Deus e que também intercede por nós" (Romanos 8: 33 e 34); "Agora
veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo,
pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do
nosso Deus, dia e noite. Eles os venceram pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria
vida" (Apocalipse 12: 10 e 11); "Sendo assim, aproximemo-nos
de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os
corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e tendo os
nossos corpos lavados com água pura. Apeguemo-nos com firmeza à esperança que
professamos, pois aquele que nos prometeu é fiel" (Hebreus 10: 22 e
23).
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