Trago, por fim, outras declarações
humanas que me parecem ser relevantes reconhecimentos de insatisfação com o
pecado:
JOHN BRADFORD, que foi martirizado no reinado de
Maria, a sanguinária, em uma carta dirigida a um amigo que estava em outra
prisão, subscreveu-se com as seguintes palavras: "O pecaminoso John
Bradford, um hipócrita notável, o pecador mais miserável, de coração endurecido
e ingrato" (1555).
SAMUEL RUTHEFORD escreveu: "Este corpo de
pecado e de corrupção torna amargo e envenena nosso regozijo. Oh! Se eu
estivesse onde nunca mais pecarei!" (1650).
JONATHAN EDWARDS, a respeito de DAVID BRAINERD,
relatou: "Sua iluminação, suas afeições e seu conforto espiritual parecem
ter sido, em grande medida, acompanhadas por humildade evangélica; consistiam
em um senso de sua completa insuficiência, de sua vileza e de sua própria abominação;
Quão profundamente Brainerd foi afetado quase continuamente por seus grandes
defeitos na vida cristã; por sua ampla distância daquela espiritualidade e
daquela disposição mental que convém a um filho de Deus; por sua ignorância,
seu orgulho, sua apatia e esterilidade! Ele não foi somente afetado pela
recordação dos pecados cometidos antes de sua conversão, mas também pelo
sentimento de sua presente vileza e corrupção. Brainerd não se mostrava apenas
disposto a considerar os outros crentes melhores do que ele mesmo e a olhar a
si mesmo como o pior e o menor de todos os crentes, mas também, com muita
freqüência, a ver a si mesmo como o mais vil e o pior de todos os homens".
JONATHAN EDWARDS, sobre si mesmo, nos últimos dias
de vida, anotou: "Quando olho para meu coração e vejo a sua impiedade, ele
parece um abismo infinitamente mais profundo do que o inferno. E parece-me que,
se não fosse a graça de Deus, exaltada e elevada à infinita sublimidade de toda
a plenitude e glória do grande Jeová, eu deveria comparecer, mergulhado em meus
pecados, nas profundezas do próprio inferno, muito distante da contemplação de
todas as coisas, exceto do olhar da graça soberana, que pode destruir tal
profundeza. É comovente pensar o quanto eu ignorava, quando era um crente novo,
a profunda impiedade, orgulho, hipocrisia e engano deixados em meu
coração" (1743).
AUGUSTUS TOPLADY, autor do hino "Rocha
Eterna", escreveu as seguintes palavras: "Ao fazer uma retrospectiva
deste ano, desejo confessar que minha infidelidade tem sido excessivamente
grande, e meus pecados, ainda maiores. Todavia, as misericórdias de Deus têm
sido maiores que ambos. Minhas falhas, meus pecados, minha incredulidade e
minha falta de amor me afundariam no mais profundo inferno, se Jesus não fosse
minha justiça e meu Redentor" (1767).
JOHN NEWTON, o escritor do bendito hino
"Amazing Grace" (Maravilhosa Graça), afirmou: "Infelizmente,
essas minhas preciosas expectativas se tornaram como sonhos dos mares do Sul.
Vivi neste mundo como um pecador e creio que assim morrerei. Eu ganhei alguma
coisa? Sim, ganhei aquilo com o que antes eu preferia não viver! Essas provas
acumuladas do engano e da terrível impiedade do meu coração me ensinaram, pela
bênção do Senhor, a compreender o que significa dizer: vejam eu sou um homem
vil... Eu me envergonhava de mim mesmo, quando comecei a procurar a bênção do
Senhor; agora, eu me envergonho ainda mais".
Será possível julgarmos tais
declarações como de pessoas "insaciáveis no pecado"? Certamente não.
Não sabemos até quando seremos tratados por essa graça, mas sabemos que ela nos
revelará até o dia de Cristo quão santo Deus é, e quão miseráveis nós somos, de
maneira que nos reconheçamos cada vez mais "vasos de barro" para que
saibamos que a excelência do poder vem de Deus, que nos deu tão precioso Tesouro:
a vida de Cristo em nós. Só Cristo pode nos libertar do corpo do pecado (o
espírito morto) e do corpo dessa morte (nosso corpo mortal). Só nEle está a
nossa glória, pois só Ele é a nossa paz, felicidade e satisfação. "Graças a Deus por Jesus Cristo",
pois só nEle temos completa libertação.
A insaciável avidez pelo pecado se
torna insatisfação com o pecado pela suficiência da obra e da vida de Cristo em
nós, para que possamos entender que o homem só pode satisfazer-se verdadeiramente
em Cristo. Amém!