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quarta-feira, 4 de maio de 2011

ASSALARIADOS SEM GRAÇA - Parte 2 de 4


Justiça de Deus versus Justiça do Homem

            Surge, neste ponto, uma questão digna de destaque: a justiça de Deus é totalmente diferente da justiça humana. Deus, como proprietário do reino, tem o direito de fazer o que quiser com ele, de convocar quem quiser, de assalariar como lhe parecer melhor, de agraciar quem Ele bem entender, porque Ele é soberano. Ninguém poderá insurgir-se contra Deus no dia do juízo com base no seu próprio conceito de justiça, com base em suas próprias obras, dele exigindo tratamento diferenciado. Isso não será possível por uma razão muito simples: a salvação é igual para todos, e ela decorre unicamente da soberana graça de Deus. A salvação não decorre de obras, nem do nosso esforço em crer, mas por graça e por causa da justiça de Deus manifestada em Cristo. No conceito humano de justiça, eu recebo porque sou merecedor, porque fiz, porque aconteci, porque cri por meu próprio esforço e vontade. Na justiça de Deus, nada posso fazer ou merecer, mas tudo me é dado por graça, inclusive a fé pela qual tenho-me apropriado da salvação de Deus.
            Esta parábola nos mostra quão distante está a justiça dos homens da justiça de Deus. Somos guiados pela falsa noção de que os homens são diferentes entre si, de que há bons e maus, de que há distinção perante Deus em razão de obras e atitudes, de que alguns homens são mais honrados que outros, e de que alguns têm capacidade para crer (ou vontade própria nesse sentido) e outros não, sendo essa diferença (segundo essa falsa noção) o ponto determinante da salvação de alguns e da perdição de outros. As Escrituras nos mostram, todavia, que isso não se dá dessa maneira.
            Primeiramente, vale lembrar que o próprio Jesus disse que não há ninguém bom, senão Deus (Marcos 10: 17 e 18). Em segundo lugar, Ele nos dá a conhecer que nem todo o que diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do Pai: “Naquele dia”, ensina Jesus, “muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’. Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!” (Mateus 7: 21 a 23).
            O apóstolo Paulo, a seu turno, nos traz a seguinte lição: “Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida. Todavia, aquele que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça” (Romanos 4: 4 e 5). Conclui-se dessa passagem que quem trabalha recebe o salário da dívida; quem não trabalha, o salário da graça.
            Os primeiros trabalhadores são assalariados sem graça porque estão estribados na sua justiça, no seu conceito de justo, nos seus próprios méritos e esforços. Graça é Deus fazendo tudo por quem nada merece, nem poderia merecer algum dia. Só posso entender o que é graça, se conhecer a minha própria injustiça e o caráter da justiça de Deus. Para que haja justificação, o pressuposto é que eu me considere injusto. Para que eu seja salvo, tenho de me reconhecer perdido. Para que eu receba graça, é mister que eu me entenda desgraçado. Destarte, ninguém poderá chegar diante de Deus com méritos próprios, nem com obras. Quem assim o fizer, não entenderá a justiça de Deus, nem gozará de Sua salvação que decorre unicamente de Sua graça soberana. Em última palavra, quem se estriba em sua própria justiça não será participante do reino, pois a salvação é manifestação da graça de Deus revelada na pessoa de Cristo Jesus. A justiça de Deus é Cristo. Por nós, diz a Palavra, Ele foi feito sabedoria, redenção, santificação e justiça de Deus (I Coríntios 1:30). Para que eu entenda a justiça de Deus eu devo entender o que Cristo é. Devo conhecê-lO e ser conhecido por Ele, do contrário só terei obras e justiça própria para apresentar, e estas não me poderão justificar diante de Deus. Perante os homens, somos aquilo que temos e fazemos. Diante de Deus, somos aquilo que Cristo fez por nós e em nós. Desde que Cristo é a vida, só podemos ter vida nEle. Por ser Ele a justiça de Deus, só podemos ser justos nEle.
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CONTINUA...

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