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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA IMAGEM: UM PROPÓSITO ETERNO - Parte 2


            Estamos nos referindo a Deus como um ser trinitário, que é a perfeita comunhão de três pessoas em uma só. Há, de certa maneira, uma identidade do ser humano formado no Gênesis com a Divindade, porquanto embora não fosse ele "três em um" era um ser dotado de três partes distintas, coexistentes e interdependentes: espírito, alma e corpo. O espírito e a alma constituem a parte imaterial, e o corpo, a parte material. O corpo comunica-se com o meio externo, visível e material. Ele mantém contato com o mundo criado através dos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. O que processa as sensações dos sentidos é a alma, ou a mente humana. Ela é a sede da inteligência, dos pensamentos, dos sentimentos, das sensações, dos desejos, da vontade. O espírito é a parte de comunicação com o Divino, com a realidade espiritual, com o invisível, com o que os órgãos e sentidos naturais não podem perceber.
            Com efeito, assim registram as Escrituras: "Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhes nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gênesis 2:7). A expressão "fôlego da vida" no original traz a idéia de "fôlego de vidas", pela infusão em um só ato tanto da vida espiritual quanto da vida almática. PEMBER explica: "O espírito do homem não tinha nada a ver com a sua forma física. Primeiro, Deus modelou a estrutura inerte e, depois, soprou nela o "fôlego de vidas", pois o original da última palavra está no plural. (...) Desejamos dar importância ao número, pois é possível que ele se refira ao fato de que a inspiração de Deus produziu uma vida bipartida (sensitiva e espiritual), a existência distinta de cada parte do que podemos, com freqüência, detectar dentro de nós mesmos pelo seu antagonismo" (p. 120). ANDREW MURRAY, por sua vez, assevera: "O espírito, vivificando seu corpo, fez do homem uma alma vivente, uma pessoa consciente de si mesma. A alma era o ponto de encontro, o lugar de união entre o corpo e o espírito. Através do corpo, o homem (alma vivente) mantinha seu relacionamento com o mundo exterior dos sentidos e podia influenciá-lo, ou ser influenciado por ele. Através do espírito ele mantinha relacionamento com o mundo espiritual e com o Espírito de Deus, de onde tinha sua origem e podia ser recipiente e ministro de sua vida e poder. Permanecendo, portanto, a meio caminho entre dois mundos, e pertencendo a ambos, a alma tinha o poder de autodeterminação, de escolher ou recusar os objetos que a rodeavam e com os quais mantinha relacionamento" (citado por W.N., p. 9).
            O que faz um ser assim constituído comparável à imagem do seu Criador? Como dissemos antes, em primeira análise, a própria constituição tripartida. Apesar de ser animal, o homem recebeu o sopro Divino e se tornou alma vivente. Era possível, pois, ter consciência do mundo exterior (através do corpo), de si mesmo (através da alma), e também de Deus (através do espírito), podendo guiar-se pelos três.  Um segundo ponto digno de destaque é que o corpo do homem era revestido pelo seu espírito. Havia, portanto, uma semelhança (embora apenas figurativa) de imagem exterior. O homem não era espírito. O que o caracterizava predominantemente era a alma, pois era o elemento que o distinguia dos animais e dos seres celestiais. Deus, sendo Espírito, "cobre-se de luz como de um vestido" (Salmos 104:2). De semelhante modo, o homem tinha um corpo, uma alma dentro do corpo, e um espírito que irradiava luz e o cobria exteriormente. Segundo PEMBER, o espírito que Deus soprara dentro do homem guardava total poder e vigor antes do pecado: "Sua influência impregnável os defendia completamente - corpo, alma e espírito - das invasões da corrupção e morte, ao passo que, ao mesmo tempo, seu esplendor, brilhando pela forma física, projetava uma auréola lustrosa ao redor de ambos (Adão e Eva) a fim de que o elemento mais espesso do corpo fosse escondido dentro do véu de glória radiante" (p. 152). 
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CONTINUA...

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