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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A CONFORMIDADE DA CRUZ: UMA QUESTÃO DE NATUREZA - Serviço (Parte 2)


            A atitude inusitada de Jesus aí descrita aponta para a regeneração e santificação pela Palavra e pelo Espírito. A Palavra de Deus, vivificada pelo Espírito (pois a letra mata, mas o Espírito vivifica) é o agente regenerador e santificador. A água é uma figura da Palavra de Deus: "Vós já estais limpos por causa da Palavra que vos tenho falado" (João 15:3); "Vós, maridos, amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, a fim de apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Efésios 5: 25 a 27). A lavagem dos pés dos discípulos indicava o modo pelo qual eles seriam de fato limpos por Aquele que se deu para servir, e serviu para se dar, a saber, pela Palavra da verdade. Uma vez limpos pela Palavra, o caminho a ser trilhado deveria ser santificado pela mesma Palavra. Como Jesus mesmo indicara: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (João 17:17). O Salmista, anos antes, já descortinara esse mistério: "Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra" (Salmos 119:9).
            Assim como a água torna limpo o corpo, a Palavra de Deus regenera o espírito e santifica a alma, deixando o pecador inteiramente puro diante de Deus, de modo a ser considerado santo, como santo passa a ser o seu caminho e o seu caminhar: "Tendo purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, amai-vos ardentemente uns aos outros de coração, tendo sido regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e é permanente" (I Pedro 1:23). Como podemos amar com amor não fingido? Como podemos amar ardentemente aos irmãos, e servi-los como Cristo serviu aos seus discípulos? Certamente, só após experimentarmos a natureza da cruz em nosso interior; só depois de termos sido regenerados pela Palavra da verdade; não antes de termos sido purificados pela Água, pelo lavar regenerador e santificador da Palavra viva: "Mas, quando apareceu a benignidade de Deus nosso Salvador, e seu amor para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3: 5 e 6). Quando recebemos o Espírito Santo, recebemos a Cristo e Àquele que O enviou: "Mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1: 12 e 13). Por isso a ênfase de Jesus no sentido de que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Se não nascermos da Água (a Palavra) e do Espírito, não entraremos no Reino de Deus. Cristo, que é a verdade, a própria Palavra de Deus, é que regenera o pecador e torna santo o seu caminho, enviando para tanto o Seu Espírito, que vivifica, regenera, santifica e sela os filhos de Deus para o dia da redenção, tanto do Corpo coletivo (a Igreja) quanto do corpo individual (o templo, o santuário, a morada do Espírito Santo).
            Por fim, lembramos a exortação de Paulo para cingirmos os nossos lombos com a Verdade (Efésios 6:14-a), de maneira que trazendo a admoestação para o contexto do episódio em comento, entendemos que naquele ato de lavagem dos pés dos discípulos, Jesus estava mostrando como estes poderiam levar outros a se tornarem puros: mediante o testemunho e a pregação da Palavra da Verdade. A Verdade, que estava figurativamente na água, também cingiu os lombos do Senhor Jesus que, na condição de servo (embora sendo Mestre e Senhor), usou a mesma toalha que o cingia para enxugar os pés molhados daqueles que, a partir do entendimento daquela atitude, estariam aptos a trilhar o caminho de santidade e de serviço, bem como a levar outros a trilhá-lo.

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