Deus
tem realizado, sem dúvida, a Sua obra no meio dos anos. Para isso, tem-se
valido de verdadeiros servos do Senhor Jesus, que têm pregado a Palavra de Deus
não apenas pelo anúncio do evangelho de Cristo, mas com o testemunho de vida.
Estes, contudo, não trabalham como que buscando alcançar a graça, mas porque já
a alcançaram. A diferença dos agraciados para os religiosos é enorme,
principalmente no que tange ao conteúdo da pregação. Aqueles que dão enfoque à
graça plena pregam a necessidade de fé, reputando-a como dom de Deus. Os que
dão enfoque à graça parcial não excluem o "eu" do processo de
salvação (para eles seria absurdo fazê-lo). Ao contrário, pregam estes que Deus
não tem capacidade de produzir o "querer" na vontade humana. Esta
deve ser exercida, segundo pensam, no sentido de aceitar ou não o sacrifício
redentor do Cristo. O homem é, assim, participante da própria salvação e, o que
é pior, com um simples levantar de mão ou no repetir de uma oração.
Tal
enfoque ao processo de salvação, assunto tão básico, mas ao mesmo tempo tão
sério, é o resultado da incorporação do Pelagianismo e do Arminianismo às
nossas declarações doutrinárias e às nossas práticas eclesiásticas. Contudo,
convém notar que tais doutrinas não reconhecem a depravação total do homem. O
Pelagianismo, em um primeiro momento, foi considerado heresia pela Igreja - nos
concílios de Cártago e Milevis, no ano de 412; no concílio de Éfeso, em 431; no
concílio de Orange, em 529, sendo que este último condenou até mesmo o
Semi-Pelagianismo, que embora afirme que a graça é necessária à salvação,
ensina que a vontade é livre por natureza para escolher cooperar com a graça
oferecida. Posteriormente, tal ensino tornou-se inspiração para o dogma
católico do livre-arbítrio que, nos termos do Concílio de Trento (1563)
dispunha sobre a liberdade da vontade humana nos seguintes termos: "Se
alguém afirmar que desde a queda de Adão a liberdade do homem está perdida, que
seja maldito!". O Pelagianismo sustentava, basicamente, que todo homem
nasce moralmente neutro, e que é capaz, por si mesmo, sem qualquer influência
externa, de converter-se a Deus e obedecer à sua vontade, quando assim o deseje.
Pelágio insistia que a queda de Adão afetara apenas a Adão, e que se Deus exige
das pessoas que vivam vidas perfeitas, Ele também dá a habilidade moral para
que elas possam fazer assim. Ele reivindicou mais adiante que a graça divina
era desnecessária para a salvação,embora facilitasse a obediência. Agostinho
teve sucesso refutando Pelágio, mas o pelagianismo não morreu.
O
Arminianismo segue uma linha parecida com a do Pelagianismo, e sustenta que o
homem tem capacidade de contribuir para a própria salvação, estabelecendo que o
pecador perdido precisa da assistência do Espírito, mas não precisa ser
regenerado pelo Espírito antes de poder crer, pois a fé é um ato deliberado do
homem e precede o novo nascimento. A fé é o dom do pecador a Deus, é a
contribuição do homem para a salvação.
__________
CONTINUA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Para comentar, questionar, criticar, sinta-se à vontade!