Muito
se houve dizer sobre novo nascimento. Até se usa a expressão para quem não
morre, para quem escapa de uma tragédia, quer seja acidente, quer seja doença.
Mas ninguém pode nascer de novo sem morrer, e aqui nos referimos a uma
experiência espiritual, não um continuismo da carne (no presente ou no futuro),
nem um mero assentimento intelectual. É um nascimento da Palavra e do Espírito
(João 3:5). Sem o conhecimento da Palavra do Evangelho de Cristo não pode haver
manifestação do Espírito, não em termos de regeneração. A fé vem pelo ouvir, e
o ouvir a Palavra de Cristo (Rom. 10:17). A fé provém de Cristo, por isso é dom
da graça, pois a graça nos é dada em Cristo, isto é, quando estamos nEle. Tal
elevado e indispensável dom divino se manifesta não apenas para sermos
justificados, mas também e principalmente enquanto estamos sendo salvos do
poder do pecado pela vida de Cristo em nós. O justo viverá da fé, e essa fé está
em Cristo mesmo. Obviamente, se não há regeneração, não pode haver vida de
Cristo em nós, pois nascemos em Adão e somos por herança genética filhos
espirituais do diabo, como Adão passou a ser depois que pecou. Por isso é
preciso morte da velha natureza adâmica para que a natureza divina seja em nós
inserida.
Após
a regeneração, vale frisar, é a vida de Cristo em nós que nos torna capazes de
continuar crendo. Como bem colocou o Rev. Glênio Paranaguá, "fomos
salvos da condenação do pecado pelo sacrifício de Cristo, e estamos sendo
salvos do poder do pecado pela vida de Cristo em nós". Por graça, e para
que continuemos dependendo dela, Deus nos mostra que não temos capacidade
(ainda que regenerados) de viver por nós mesmos, nem de crer, nem de vencer o
mundo, nem de vencer as investidas de satanás. Assim, se é verdade que fomos
regenerados pela suficiência do sacrifício do Cordeiro aplicado às nossas
vidas, também é verdade que o Espírito vivificante (o Espírito de Cristo) é que
produz o viver santo, a santificação da alma pela vida de Cristo em nós, o que
também decorre unicamente da graça.
Paulo
percebeu que os da Galácia começavam a inchar pela presunção de que poderiam
crescer na vida cristã sozinhos: "Ó gálatas insensatos! Quem os
enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como
crucificado? Gostaria de saber apenas uma coisa: foi pela prática da Lei que
vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram? Será que vocês são
tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar
pelo esforço próprio? Será que foi inútil sofrerem tantas coisas? Se é que foi
inútil! Aquele que lhes dá o seu Espírito e opera milagres entre vocês realiza
essas coisas pela prática da Lei ou pela fé com a qual receberam a
palavra?" (Gálatas 3: 1 a 5).
Note-se
que o Espírito Santo é o agente da graça divina; não apenas para crermos que
fomos crucificados com Cristo, mas também para crermos que estamos crucificados
com Ele. É algo contínuo. É o "levar diariamente o morrer de Cristo"
para que a vida dEle se manifeste em nosso corpo mortal. Essa vida de Cristo em
nós é que nos torna santos, nos salva do poder do pecado. Como disse Paulo, "se
alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo".
De fato, Cristo é que é TUDO em todos.
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CONTINUA...
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