Contrapondo-se
à graça (não tanto no discurso, mas na práxis), temos não poucos religiosos em
nosso tempo correndo atrás das obras (que julgam ser boas), cuidando ser esse o
meio de alcançar a graça. Triste é que estes que tanto fazem e acontecem não
poderão alcançar a graça de Deus, e nem entrarão no descanso do Senhor por esse
método, permanecendo na ilusão de que quando morrerem (no aspecto físico) terão
descanso eterno. O verdadeiro descanso - que provém da fé - Deus dá hoje, desde
agora, mas é no Senhor. E o faz por meio da pregação do Evangelho, que nos leva a nos considerarmos mortos para o pecado e vivos
para Deus em Cristo.
Vivemos
em um tempo em que há excesso de exaltação do "eu", de maneira que
essa pregação de morte com Cristo não é vista com bons olhos. Já as mensagens
centralizadas no homem, em suas obras, em seu pretenso poder, em sua liberdade de escolha no processo de salvação, são melodia para
os ouvidos e um refrigério para a alma dos incautos, pois a raça adâmica
encontra-se impregnada pelo pensamento humanista inoculado em sua natureza
desde a queda. Esse pensamento, essa filosofia enaltecida por Aristóteles e que
recebeu um grande impulso a partir da Renascença, vem incomodando a Igreja de
Cristo desde os seus primórdios. Enquanto Paulo estava preso, sofrendo o
abandono dos "cristãos" da Ásia , um novo mestre tornou-se popular -
um mestre que trazia uma mensagem de prosperidade que causava comichão nos
ouvidos: "Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe
dará a paga segundo as suas obras". O nome “Alexandre”, significa “aquele
que agrada o homem”. Alexandre e Himeneu ensinavam um evangelho falso que
satisfazia a carne. O nome de Himeneu provinha de “o deus dos casamentos”. Apresentavam
um evangelho de amor, de celebração, de satisfação ao homem, mas sem santidade.
Paulo disse que eles arruinaram a fé verdadeira ao justificarem o pecado; não
tinham uma consciência pura. Arruinaram a fé através de ensinos agradáveis ao
homem. Rejeitaram Paulo devido àquilo que entenderam como sendo a perda de
liberdade do apóstolo. Entendiam a situação como falta de fé. Para eles, era o
diabo que mantinha Paulo prisioneiro, e deste modo se envergonhavam de suas
algemas.
Fico
pensando: como temos "Alexandres" e "Himeneus" nos dias de
hoje levando inúmeras pessoas a uma pretensa fé
que nada produz além de ilusão! Deveras, o evangelho da prosperidade, dos
sinais, do "ver para crer", do "eu posso todas as coisas" à
parte do "naquele que me fortalece", traz conseqüências desastrosas.
Outros há que, embora fujam dessas heresias, continuam buscando a graça pelo
esforço próprio, pelas privações, pelos portentos, pela ocupação de cargos em
uma estrutura eclesiástica, supondo que assim estão realizando a obra de Deus.
A obra de Deus, porém, é que "creiais naquele que Ele enviou", e apenas Ele mesmo tem competência para realizá-la.
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CONTINUA...
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