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quarta-feira, 17 de abril de 2013

JUSTIFICAÇÃO SEM AS OBRAS DA RELIGIÃO (A FÉ SEM APELOS E SEM APELAÇÃO) - Parte 1


"Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Não obstante, aquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa pecado" – Romanos 4: 4 a 8




            A graça está para Deus assim como a religião está para o homem. Religião é todo esforço humano no sentido de alcançar Deus. Graça é tudo o que Deus faz no sentido de alcançar o homem. Nessa relação, as obras dão um tempero especial, pois são prescindíveis à graça, mas indispensáveis à religião. Na religião, as obras são a causa; sob o enfoque da graça, a conseqüência. O maior paradoxo de tudo isso: na religião as obras são vistas como um meio de alcançar a graça. Todavia, como dizia Paulo, "se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é mais graça”.
            Do que estamos falando exatamente? Da justificação. . Ora, sabemos que todos nascemos pecadores e que não há nenhum justo por natureza. Assim, só há um meio de alcançarmos a justificação dos nossos pecados, e é pela graça, manifestada a nós pela fé (que vem pelo ouvir; e o ouvir a Palavra de Deus). Não é pelas obras, para que ninguém se glorie.
            Portanto, devemos tomar muito cuidado com as obras, pois por meio delas ninguém será justificado. É conveniente examinarmos se estamos trabalhando em razão da graça, ou em obediência aos religiosos e às ordenanças religiosas que nos cercam. Como, porém, distinguir as obras da graça das obras da religião? Tentaremos mostrar algumas diferenças com exemplos práticos.
            A primeira obra da religião de que se tem notícia na história foi realizada por Adão e Eva no jardim do Éden: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; coseram, pois, folhas de figueira, e cingiram-se”. Interessante é que a noção de nudez por parte do homem teve como causa o pecado, fruto da incredulidade: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” . Deus fez a pergunta para Adão porque a este fora ordenado que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão não foi enganado pela serpente; pecou voluntariamente, porque não creu na Palavra de Deus.
            Adão e Eva quiseram resolver o problema da sua nudez cosendo folhas de figueira para cobrirem suas partes íntimas. O problema deles, entretanto, não era a nudez em si, mas o que os tinha levado a conhecer que estavam nus, a saber, o pecado. Sua consciência já não era mais livre e ingênua, mas caída e escravizada. A solução encontrada por Adão e Eva para esconder o pecado era inócua; o pecado já havia sido inoculado em suas mentes e corações. Assim, a tentativa deles é o retrato da religião, que não consegue livrar ninguém do pecado.
            Sem embargo, Deus forneceu gratuitamente a solução para Adão e Eva, fazendo vestimentas de peles para ambos e os vestindo. Foi a primeira manifestação da graça e o primeiro sinal da solução que Deus daria para o problema do pecado do homem, através do sacrifício de Seu Filho, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
            Outro exemplo de obra da religião encontramos em Caim, que pretendeu fosse aceita por Deus a sua oferta, fruto de seu esforço pessoal e de sua vaidade. A oferta de Abel, por sua vez, apontava para Cristo, pois sacrificou dos primogênitos de suas ovelhas, por isso tal oferta foi aceita por Deus. Ora, Abel foi justificado pela oferta de fé, que dava testemunho da graça de Deus. A graça é Deus dando e fazendo tudo por quem nada merece, nem tem condições de merecer, e nenhuma oferta, nenhum sacrifício, nenhuma obra, ainda que sob pretexto de cumprimento da lei ou da vontade de Deus, poderá substituí-la ou suplantá-la. A graça é um princípio divino que rege o Universo, mas quanto ao ser humano perdido, seu escopo é a justificação e a salvação deste. Nesse processo é possível identificar a eleição, o sacrifício do Cordeiro, a vivificação pelo Espírito, o arrependimento e a fé. Tudo isso é dom de Deus. Quando somos envolvidos nesse processo e alcançados pela graça, entramos no descanso e deixamos de correr atrás das obras, até porque descobrimos que elas não podem produzir a justificação. As obras (as verdadeiramente boas) passam a ser conseqüência da graça, porque foi o próprio Deus quem as preparou, de antemão, para que andássemos nelas. Logo, não é o agraciado que vai atrás das obras; estas é que o acompanham: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão”. Que maravilhosa verdade!

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CONTINUA...

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