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terça-feira, 21 de junho de 2011

DEVER, PODER E QUERER - Parte 5

          Conforme exposto anteriormente, o significado do dever decorre de todas as normas de conduta, humanas ou divinas. Nelas sempre se encontra subjacente o princípio do dever-ser, que se refere ao ideal do ser. Vimos que o dever-ser, em última análise, refere-se a Cristo, pois a primeira lei de que se tem conhecimento na história foi dada pela Trindade a ela mesma, na declaração do “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, com vistas à formação da pessoa de Cristo no ser humano e à constituição de uma família da qual Cristo é o primogênito.
            A partir da queda do homem, e em razão dela, desde que o pecado foi introduzido no mundo, essa ordem da Trindade de criação do homem à semelhança da divindade se confunde com a própria salvação do ser caído. Em um só ato Deus salva e regenera em Cristo, mediante a fé. Mas continuamos sendo salvos, enquanto existimos, pela vida de Cristo em nós. Assim, o dever-ser do propósito divino tem um caráter contínuo e se projeta na eternidade.
            No texto-base dessa série de meditações, no versículo imediatamente anterior, encontramos a seguinte admoestação da parte de Paulo: “Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor” (Filipenses 2:12). Aí facilmente identificamos um dever. Contudo, se somos salvos do poder do pecado pela vida de Cristo em nós (Romanos 5:10), confirma-se o que já foi dito alhures de que o nosso dever-ser é Cristo. Tal princípio, ou ideal, é inatingível do ponto de vista humano, pelo que acalentadora se mostra a conclusão do verso seguinte: “Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar”. Temos, portanto, presentes nesse contexto os 3 aspectos que envolvem nosso proceder: DEVER, PODER e QUERER.

PODER

            O poder encerra 2 conotações essenciais: a capacidade e a permissão. Sob qualquer ótica, humana ou divina, “poder” sempre estará relacionado com um desses aspectos. No tocante à realidade espiritual, isto é, à salvação que somos instados a obter e a desenvolver, ambos os aspectos do poder encontram-se ausentes no ser humano. Não temos capacidade, nem nos é permitido desenvolvermos nossa salvação, pois Deus é quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar. Se é certo que não podemos conquistar, também é certo que não podemos desenvolver. A salvação do homem natural, que nasce morto (do ponto de vista espiritual) em delitos e pecados, é de iniciativa e competência do Deus Todo-Poderoso e Soberano, implicando, portanto, em ação monergista.
            Em que consiste essa salvação, ou como ela se desenvolve? Em um primeiro momento, somos salvos da condenação do pecado, mediante a fé. Nessa primeira etapa da salvação a Palavra de Deus se manifesta revelando a necessidade de MORTE, FÉ e ARREPENDIMENTO. Alguns pretensos crentes querem ficar apenas com as 2 últimas condições, e cuidam que elas são de iniciativa e competência humana. Ou seja, para que o homem pecador seja salvo ele precisa apenas crer e se arrepender, e isso qualquer um pode fazer, basta querer. Tal ensino passa longe da mensagem Escriturística, e tem conotação eminentemente humanista, dando ao ser humano poderes dos quais ele, na realidade, não dispõe. Ademais, o Evangelho de Cristo é apresentado de maneira capenga e distorcida, ao revelar a justiça de Deus na morte unicamente de um inocente. Em outros termos, é um evangelho que apresenta apenas um lado da cruz, o substitutivo, e ignora o lado inclusivo pelo qual o pecado e o pecador foram crucificados com Cristo, nisso residindo a verdadeira justiça divina. Se a Lei exige a morte daquele que pecar, e se Cristo não tinha nenhum pecado, Deus seria injusto ao colocá-lo em meu lugar, sendo eu o verdadeiro merecedor da pena.
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CONTINUA...

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