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terça-feira, 22 de março de 2011

O PRINCÍPIO ESPIRITUAL DA VISÃO - Parte 3 de 4


("Mas se o nosso evangelho ainda está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus"  II Coríntios 4: 3 e 4)



            O princípio espiritual da visão também esteve presente entre aqueles que contemplaram a terrível cena da crucificação do Filho de Deus. Muitos zombaram dele naquele momento, dentre estes os principais sacerdotes e escribas, escarnecendo e dizendo que Jesus salvara a muitos, mas não podia salvar a si próprio: "Desça agora da cruz este Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e acreditemos" 22. Observa-se aí nessa proposta irônica a necessidade de ver para crer. Também constituiu-se a humanista sugestão daqueles incrédulos em mais uma tentativa inócua de satanás de desviar o Cristo da cruz. É uma pena saber que não têm sido frustradas as investidas de satanás no sentido de desviar a cruz do coração de muitos que lotam as igrejas em busca de salvação, bem como do coração de muitos pregadores de um evangelho incompleto. Satanás quer que o homem continue na incredulidade e faz de tudo para desviá-lo do propósito divino da salvação. Não se pode olvidar que o princípio espiritual da visão afeta àqueles que não crêem porque permanecem estes espiritualmente mortos; não foram vivificados pelo Espírito Santo. O deus deste século, ao qual pertencem, cegou-lhes o entendimento. O evangelho verdadeiro, entretanto, não está encoberto para aqueles que foram vivificados pelo Espírito Santo; ao contrário, é o poder de Deus para a sua salvação, vez que foram regenerados para crer 23.
            É necessário, portanto, que esse evangelho seja pregado para que, mediante o ouvir dessa pregação, seja operada a vivificação pelo Espírito Santo, que produz o arrependimento e a fé pela qual perseveram os santos. Cabe ao que crê falar, o resto certamente Deus fará. Quero advertir, entretanto, que não estou me referindo aqui a este evangelho incompleto que só prega o lado substitutivo e omite o lado inclusivo da cruz. Também não me refiro a essa técnica de pregação defeituosa, na qual há uma explanação meramente intelectual, em que mal se abre a Palavra de Deus, confundindo-se pregação com peça de retórica, na qual o orador profere "palavras" de Deus misturadas com preceitos humanos, ao invés de expor a Palavra de Deus pelo que ela é. Também não me refiro à pregação apelativa peculiar ao “evangelicalismo” e ao “neoevangelicalismo” venerado por Charles Finney e seus adeptos.
            O evangelho que Paulo dizia estar encoberto aos que se perdem é o evangelho de Cristo, do qual não se envergonhava o apóstolo. É o evangelho da cruz, o evangelho da graça. Deus nos dá tudo o que é necessário à nossa salvação. Isso é graça. Ele mesmo nos regenerou por Sua Palavra e por Seu Espírito Santo, nos levando ao arrependimento e à fé pela qual vivemos, que é a fé do Seu próprio Filho, a qual passa a ser nossa quando Cristo passa a ser a nossa vida. O evangelho é Cristo em nós 24. Deus nos deu Cristo, nos deu a Sua Palavra, nos deu o Espírito Santo, de maneira que dependemos da graça e vivemos para o louvor dela 25. O homem natural não crê nesse evangelho, mas na Palavra de Deus ele está bem claro. Não crê porque seu entendimento está obscurecido, seu espírito está morto. Prefere, portanto, qualquer ensinamento que lhe dê méritos na salvação, em que a sua contribuição para o processo salvífico de Deus seja reconhecida, em que a fé seja iniciativa sua. Tal evangelho, contudo, não é bíblico, é do maligno. É humanista, como tudo o que o diabo faz, porque ele só cuida dos interesses do homem. O evangelho da graça, que é também o evangelho da cruz, ensina que "se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu" 26. Em outra passagem: "De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo ressurgiu dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Pois sabemos que, havendo Cristo ressurgido dentre os mortos já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus" 27. Logo, a morte de Cristo foi também a minha morte, pois Ele me atraiu a Si naquela cruz e carregou o meu pecado sobre o Seu corpo, a minha natureza pecaminosa, afinal, eu é que merecia morrer, não Ele. Eu é que sou pecador, não Ele. Isso está claro na Bíblia para aqueles a quem foi dado crer. Para os demais, infelizmente, permanece encoberto. Mas poderoso é Deus para vivificar os mortos, independentemente do grau de dureza dos seus corações.
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CONTINUA...

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