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segunda-feira, 21 de março de 2011

O PRINCÍPIO ESPIRITUAL DA VISÃO - Parte 2 de 4


"Mas se o nosso evangelho ainda está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" –  II Coríntios 4: 3 e 4



            Ao longo do ministério de Jesus, muitos o seguiam pelo que viam, não porque criam em quem Ele era e naquilo que realizaria. Por isso, Jesus mesmo declarou: "Se não virdes sinais miraculosos e prodígios, de modo nenhum crereis" 9. Os irmãos carnais de Jesus também foram céticos, tendo-o aconselhado, certa feita: "Sai daqui e vai para a Judéia, para que os teus discípulos vejam os milagres que fazes. Ninguém que procure ser conhecido em público faz coisa alguma em oculto. Já que fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo" 10. Nem seria preciso, mas o evangelista João conclui a narrativa do episódio dizendo que até os seus irmãos não criam nele 11. Ninguém que condicione a fé à visão pode dizer que crê. O princípio da fé é crer para ver, e não ver para crer, conforme ensinou Jesus a Marta antes da ressurreição de Lázaro 12. Aí reside a verdadeira fé, que tem como autor e consumador o próprio Cristo. Eis porque é impossível crer no Pai verdadeiramente à parte da obra do Filho.
            Não era sem razão o ensino de Jesus: "Não julgueis pela aparência, mas julgai segundo a reta justiça". Em outra ocasião: "Eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; se não crerdes que eu sou, morrereis nos vossos pecados" 13. Mais enfático foi ao falar da obra da cruz: "Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis que eu sou quem digo ser, e que nada faço de mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou só, pois sempre faço o que lhe agrada" 14. Após ter dito isso, relata o evangelho de João que muitos creram nele. Mas será que creram mesmo?

            Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, conforme testificado por João, o Batista. Ao ser levantado da terra, Jesus confirmaria a veracidade das palavras de seu precursor, cumprindo assim as profecias a Seu respeito e confirmando o próprio testemunho que dava de si mesmo. Tal verdade é testificada em João 12: 31 a 33: "Agora é o tempo do juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei  todos a mim. Ele dizia isto para mostrar o tipo de morte que iria morrer". Que tipo de morte foi essa? a morte para o pecado 15. Logo, a sua obra só se completaria com a morte na cruz, pela qual Ele haveria de atrair a natureza adâmica, a natureza do pecado a Si mesmo, e destruí-la em Seu próprio corpo, cumprindo assim as exigências da lei, que estabelece que "a alma que pecar essa morrerá" 16, justificando aquele que pecava por princípio, pois "aquele que está morto está justificado do pecado" 17. A obra, conforme declara a Palavra de Deus, consumou-se. Cristo morreu, mas ressurgiu ao terceiro dia e ascendeu aos céus. A fé no que Ele era, no que Ele é, no que Ele fez e no que Ele faz, só foi dada aos que creram e aos que crêem após a manifestação do Espírito Santo, o qual convenceria (e convence) o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
            Jesus mesmo declarou: "Convém que eu vá, porque se eu não for o Consolador não virá para vós; mas se eu for eu o enviarei. Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" 18. Esse Espírito, Jesus revela mais adiante, é o Espírito da verdade, que nos conduz a toda a verdade (que é o próprio Cristo), portanto não fala de Si mesmo, mas testifica do Filho e a Ele glorifica 19. Logo, é de se reconhecer que enquanto Jesus estava entre os homens não havia ninguém que vivesse por fé, exceto o próprio Cristo. O Espírito Santo viria (e veio) justamente para convencer o mundo de que ele não tinha (e muitos ainda não têm) essa fé não baseada na visão, ou em qualquer outro sentido, como princípio de vida. Notem: quando perguntei se aqueles "muitos" que creram, conforme relato de João 8:30, haviam de fato crido em Jesus, não levantei uma infundada dúvida, nem suscitei uma heresia, nem quis desacreditar o evangelista João. Ao contrário, ele mesmo em sua narrativa cuidou em demonstrar que aqueles que supostamente criam em Jesus na realidade professavam uma fé ilusória.
            Com efeito, está escrito: "Disse Jesus aos judeus que criam nele: Se permanecerdes no meu ensino, verdadeiramente sereis meus discípulos. Então conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" 20. Quis Jesus aí mostrar que aqueles que tinham uma pretensa fé ainda precisavam ser libertos. Mas eles indagaram: libertos de quê? Para eles não havia escravidão, porque eram judeus, descendentes de Abraão, e jamais haviam sido escravos de ninguém. Para não deixar dúvida, Jesus explica que "aquele que comete pecado é escravo do pecado". Não obstante, "se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" 21. Ora, aqueles judeus que pretensamente criam nele não criam coisa alguma! Pode alguém crer sendo escravo do pecado? Se o pecado é incredulidade, a resposta obviamente é negativa. Jesus foi bastante claro e duro ao explicar que aqueles judeus eram escravos do pecado, portanto filhos do diabo, e nessa condição não podiam crer, porque só podem ouvir e crer na Palavra de Deus aqueles que pertencem a Deus.
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CONTINUA...

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