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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

PÃO PARA QUEM TEM FOME - PARTE 1 de 2


("Por que gastais dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?" – Isaías 55:2)

            "Você tem fome de quê?", pergunta Arnaldo Antunes, e muita gente fina responde, fazendo coro aos anseios do cantor: "A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor". E você? Tem fome de quê? Comida, bebida, dinheiro, diversão, arte, sexo, prazer, prestígio, religião, poder, igreja, família, amizades? De que você carece? O que você tem perseguido com todo o seu esforço, labor, suor e lágrimas? O que é imprescindível para você? Não me refiro às suas necessidades básicas. Todos nós as temos. Mas, o que vem depois disso? O que é prioritário em sua vida?
            Tais perguntas não são meramente provocativas, mas indutivas de um auto-exame que ora proponho, cujo resultado poderá ter proporções eternas, no mundo invisível, na vida interior. Se os seus interesses, porém, se limitarem ao mundo material, ao presente século mau, aconselho-o a não continuar a leitura.
            A pergunta feita através do profeta Isaías cuida em colocar a questão em seus devidos termos, isto é, em termos espirituais. Deus não está aí preocupado com o destino dos nossos recursos financeiros. Deus não está nos conclamando a meditarmos sobre o que fazemos com o fruto do nosso trabalho. Não há aí uma sindicância, nem uma espécie de auditoria divina em nossas contas bancárias. Gastar dinheiro com aquilo que não é pão, e o fruto do trabalho naquilo que não pode satisfazer, é o que faz todo aquele cuja vida não esteja escondida em Cristo. É, de fato, este o triste retrato do religioso e, via oblíqua, da religião, na qual aquele investe seus recursos materiais e o próprio esforço laborativo, no entanto os rendimentos não se fazem notar. Os lucros e dividendos que a religião paga são insatisfação, canseira, enfado e morte.
            Bem por isso, no versículo anterior, a orientação do profeta é para que aqueles que têm sede se cheguem às águas, e os que não têm dinheiro comprem e comam. Sim, comprar sem dinheiro e sem preço vinho e leite. Há dois aspectos da graça muito nítidos nesse convite: a nossa incapacidade em adquirir, e o valor inestimável do objeto oferecido. Não temos dinheiro para comprar o dom da graça de Deus, nem seria possível fazê-lo, ainda que algum recurso tivéssemos, em face de seu valor inestimável e de seu caráter gratuito. Assim é a graça de Deus em Cristo. O alimento espiritual, o pão de Deus, que é Cristo, é puramente graça e inteiramente de graça, tanto porque jamais poderíamos adquirir (não há nada que possamos fazer e não há nada no mundo que sirva de moeda de troca), quanto pelo fato de que não está à venda.
            A estimativa do alimento que vem dos Céus é graça. Com efeito, Cristo é o pão que desce do Céu cheio de graça e de verdade: "O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14); "Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33); "Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Mas aqui está o pão que desce do céu, do qual se o homem comer não morre" (João 6: 49 e 50). Por que há tantas pessoas morrendo de fome nas igrejas? A resposta é porque não estão se alimentando do pão que desce do Céu. E por que não fazem uso dessa dieta celestial? Ao menos por dois motivos básicos: Primeiro, porque o pão não faz parte da ceia que é ministrada. Segundo, porque as pessoas não estão com fome de pão. Muitos que se dizem cristãos estão correndo de cá para lá, de igreja em igreja, de sermão em sermão, atrás de bênçãos. Estão atrás de diversão, prazer, arte, prosperidade material e, algumas vezes, alívio da dor que invade a alma sem Deus. O pão divino não é alvo de atenção, nem as fontes de água da Palavra fazem parte da atração, até porque nem em miragem são elas vislumbradas na maioria dos púlpitos atuais - verdadeiros desertos espirituais desprovidos de oásis.
 

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CONTINUA...
 

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