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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

FACETAS DO AMOR DE DEUS - MISERICÓRDIA - Parte 1 de 3

("Com amor eterno te amei; com benignidade te atraí" – Jeremias 31:3)


            O amor de Deus é gracioso e perdoador, mas é também misericordioso. A misericórdia, que é sinônimo de bondade, benignidade, benevolência e compaixão, talvez seja a expressão primeira do amor de Deus. Por causa de Sua misericórdia, Ele agracia e perdoa. Por trás de Sua misericórdia está o amor, essência do Seu ser. Primeiro Ele nos ama com amor eterno para nos atrair com laços de misericórdia.
            A misericórdia de Deus não tem fim; renova-se a cada manhã; é a causa de não sermos consumidos; estende-se sobre os que O temem de geração a geração; é dispensada a quem Ele quer; é a causa da salvação dos pecadores; triunfa sobre o Juízo; foi a motivação da encarnação do Verbo divino. Tais nuances, ora parafraseadas, dão-nos uma noção da relevância do tema. Já se disse que misericórdia é Deus não nos dando o que merecemos; ao passo que graça é Deus nos dando o que não merecemos. Como é preciosa essa definição, e como é importante entendermos de que maneira a graça e a misericórdia nos afetam. Se é certo que graça é para os desgraçados, misericórdia é para os miseráveis. Quantas vezes encontramos o registro nas Escrituras da súplica: “Tem misericórdia de mim, Senhor!”. Diferentes pessoas, em diferentes situações e épocas, partilhando do mesmo sentimento: a miséria, ou o coração miserável (misere cordis).
            Segundo o AURÉLIO, misericórdia é a compaixão suscitada pela miséria alheia. Por isso é tão profunda a revelação de que Deus encerrou a todos embaixo da desobediência para com todos usar de misericórdia (Romanos 11:32). Vale dizer: judeus e gentios, a totalidade da humanidade, foi colocada sob a desobediência em razão do pecado comum a todos os homens. Não há um justo, nem sequer um ser humano que não transgrida a Lei. Desde que Adão pecou e transmitiu a sua natureza iníqua a seus descendentes o pecado deixou de ser uma questão regulamentar para se tornar um problema genético e relacional. Pecado é, pois, uma natureza, mas é também um estado de separação e independência de Deus, de maneira que até aqueles que supostamente cumprem as leis divinas e humanas estão destituídos da glória de Deus. Essa natureza altiva, que também é ignorante e incrédula, parece ser demasiadamente auto-suficiente para reconhecer a necessidade de Deus, o que por si só traduz a miséria do espírito e da alma do homo sapiens, que é mais homo (húmus) do que sapiens (inteligente). Deus olha para esse ser miserável com compaixão e usa de misericórdia para com aqueles que por ela clamam, de acordo com Sua soberana vontade, como fez com o publicano da parábola. Enquanto o fariseu orava de si para si mesmo, enaltecendo suas qualidades e desprezando a atitude dos outros homens, o publicano não ousava olhar para o céu, mas batendo no peito suplicava: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lucas 18: 9 a 14). Eis aí bem ilustrado o que o dicionarista definiu como “grito de quem pede compaixão, piedade, socorro”. É o grito dos miseráveis, que não têm mais justiça própria para se estribar, e carecem da misericórdia e da justiça de Deus.
            A misericórdia tem estreita relação com a justiça, a qual não se coaduna com a impunidade. Conta-se que Juscelino Kubitschek abafou dois levantes em seu governo oriundos da Aeronáutica. Nas duas situações puniu os oficiais responsáveis para, ao depois, conceder-lhes anistia. Não satisfeito, ainda promoveu os revoltosos. Não há como comparar a misericórdia humana com a divina, mas o caso ilustra bem a atitude de Deus para com o pecador. Deus não culpa o inocente, nem inocenta o culpado. Por isso, a condenação do pecador não deixou de ser cumprida por este, mas o foi através de um substituto perfeito, que nos incluiu em Seu corpo para que fôssemos mortos, sepultados e ressuscitados juntamente com Ele, para nossa justificação e salvação, para que tivéssemos vida nEle. O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus. Deus não nos deixa impunes, mas também não nos dá o que merecíamos (morte eterna), para nos dar o que não merecíamos (vida eterna). O que é isso? Misericórdia e graça.
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CONTINUA...

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