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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FACETAS DO AMOR DE DEUS - MISERICÓRDIA - Parte 2 de 3

("Com amor eterno te amei; com benignidade te atraí" – Jeremias 31:3)



            Olhando por esse prisma, podemos entender a importante e séria exortação de Tiago: “Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade; porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tiago 2: 12 e 13). Imaginemos o publicano, antes referido, que desceu para casa justificado após ter sido alcançado pela misericórdia divina, discutindo com um próximo por uma questão (como diriam os romanos) de lana caprina, uma questão de tudo e por tudo irrelevante. Ou, então, deixando de compreender ou atender às necessidades de algum conhecido, estando ao seu alcance fazê-lo. É possível imaginarmos a lógica disso? Creio que não. Assim como também não foi lógica, nem um pouco razoável, menos ainda justa, a atitude daquele servo que não perdoou a dívida de 100 denários do seu conservo, embora tivesse sido perdoado pouco antes por uma dívida infinitamente maior (10.000 talentos) por parte do seu senhor (Mateus 18: 21 a 35). Lembrando que um talento era o equivalente a 6.000 (seis mil) denários. Portanto, apesar de dever 60.000.000 (sessenta milhões) de denários, e ter sido perdoado por tal dívida, não foi capaz de perdoar uma dívida de 100 (cem) denários do conservo.
            É fácil perceber e apontar a injustiça nos exemplos e na vida dos outros, mas quantas vezes agimos duramente ou indiferentemente para com aqueles que necessitam de misericórdia? Quantas vezes entendemos, louvamos e até pregamos a graça, mas não manifestamos graça ao próximo? Se não perdoamos àqueles que nos são de alguma maneira devedores, como seremos capazes de demonstrar o perdão de Deus? Por vezes, deixamos de perdoar aqueles que nos fizeram algum mal, ou fizeram algum mal a um conhecido, ou até mesmo a um desconhecido. Quantas vezes falamos mal daqueles que praticaram algum crime sem conhecer a vítima ou as circunstâncias do fato? Quantas vezes nos pegamos dizendo “bem feito!” quando alguém é preso ou até mesmo vingado de morte; ou então “esse aí não merece perdão”, seja ele criminoso ou não? Que espécie de cristianismo se gloria no próprio perdão, mas não admite o perdão do outro? Que vida cristã haverá em nós se conseguirmos enxergar a misericórdia e a graça divinas apenas em nosso próprio benefício? Poderemos confessar que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo e, pari passu, fecharmos nossas entranhas ao nosso semelhante? Como bem disse o apóstolo João: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de boca, mas em ação e em verdade” (I João 3: 17 e 18).
            O mundo está repleto de carentes, não apenas materiais, mas também espirituais, sentimentais, sociais, afetivos, relacionais. Todos nós temos nossas carências, com variações de manifestações e intensidade. Como poderemos testemunhar do amor de Deus sem demonstrar misericórdia ou compaixão para com os que se aproximam de nós expondo suas carências e necessidades, e clamando por socorro?

            A misericórdia triunfa sobre o juízo para aqueles que são misericordiosos. Para os demais, parece óbvio, não haverá misericórdia, mas sim juízo.

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CONTINUA... 

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