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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

FACETAS DO AMOR DE DEUS - GRAÇA E PERDÃO - Parte 2 de 2


("Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama" - Lucas 7:42-b)

            Graça e perdão são instrumentos do amor de Deus e expressões exatas de Cristo, em quem habita toda a plenitude da Divindade. Por isso a afirmação do apóstolo Paulo de que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Romanos 8:39). Diz-se que Deus não ama o pecado, mas ama o pecador. Não se pode olvidar, contudo, que esse pecador, antes de ser regenerado, nada tem do amor de Deus nele. Ao contrário, é verdadeiro inimigo de Deus. Assim, só aquele que nasce do Alto experimenta de uma maneira singular a graça, o perdão e o amor de Deus, que estão em Cristo. Só aquele que está em Cristo pode se considerar legitimamente nova criatura. Estar em Cristo implica estar morto para o pecado (natureza pecaminosa) e vivo para Deus. Fora de Cristo, sem a identificação em Sua morte, sepultamento e ressurreição, não há amor, nem graça, nem perdão; apenas presunção. Em outras palavras, qualquer pessoa que se julgue objeto do amor de Deus, sem conhecer experimentalmente a graça e o perdão de Deus manifestados na morte vicária do "Cordeiro Pascal", pode estar cheia de ilusão e de si mesma, mas não tem o amor de Deus derramado em seu coração.
            É certo que a boca fala do que está cheio o coração. Eis porque,  o testemunho e a conversa de alguém é até mais importante do que sua própria conduta. Lembre-se: "pelas tuas palavras serás justificado"; "cri, por isso falei". Aquele que busca desesperadamente cumprir à risca os ditames legais, que se esforça sobremaneira para agradar os outros, e que trabalha com afinco nas lides eclesiásticas, muitas vezes em prejuízo do amor fraternal, pode conhecer bem o que seja o esforço da religião, mas não conhece o descanso da graça. Há muitos que, de fato, são escravos da religião, não servos de Cristo. Em Cristo o escravo é liberto, e o liberto se torna escravo do Senhor. Em Cristo, todos são agraciados, mas não antes de se reconhecerem indignos. Cristo é tudo em todos os que já foram conscientizados de seu pecado, de sua incredulidade, de sua desgraça, de sua injustiça, de sua incapacidade, de sua miserabilidade. No "Tudo" de Deus nada somos. Enquanto as trevas da religião nos mantém escravizados na ilusão de nós mesmos, a luz da graça nos liberta através da revelação de Cristo em nós.
            A força da religião é a letra do mandamento. Por isso está escrito que "a letra mata, mas o Espírito vivifica". A religião nos conduz solene e friamente à morte. A graça nos manifesta a vida de Cristo por meio de Seu Espírito. Não podemos nos contentar com o esforço e o ativismo religioso, que nada produzem além de canseira e ilusão naqueles que a eles se submetem. Noutro giro, a religião se alimenta do medo. A graça é nutrida pelo amor. O medo gera obediência de escravo. O amor, obediência de filho. No amor, como nos diz a Palavra, não há medo; antes, o perfeito amor lança fora todo o medo, porque o medo supõe castigo. Como não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, só estes agraciados podem descansar no amor do Pai. Como já se disse, "somos libertos dos fardos da religião para estarmos debaixo da graça e crescer na Lei do Amor".
            Disso tudo, podemos concluir que a religião, que se estriba na observância do mandamento (divino ou humano), escraviza seus prosélitos e os conduz veladamente à perdição. Por sua vez, a graça, como manifestação inequívoca do amor de Deus, liberta o ser humano do pecado, da religião, e do seu próprio ego, e gera uma servidão espontânea, cuja recompensa é o próprio amor de Deus que está em Cristo, e cujo fim é a salvação da alma. 
          Nada foi registrado sobre o destino do religioso pretensamente justo que convidara Jesus para jantar em sua casa. Mas o fim da pecadora agraciada foi remissão de pecados e salvação por meio da fé, e o seu testemunho foi demonstração de amor Àquele que a perdoou, derramando todo o caro perfume, que representava sua própria vida, aos pés do Salvador.

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