("Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras,
para que ninguém se glorie" - Efésios 2: 8 e 9)
Não pelas obras
Não
se cogita de obras do homem para que este alcance a salvação, pois esta decorre
da graça de Deus. O texto de Efésios 2:9 ("não das obras, para que
ninguém se glorie") é facilmente assimilado até por quem advoga a
"graça parcial". A salvação não vem por obras, isso não é difícil de
enxergar. Devemos observar, contudo, o contexto em que está inserida essa
passagem da carta aos Efésios. Paulo vem explicando a situação em que se
encontravam antigamente os que não criam no evangelho, mas que agora eram considerados
seus irmãos na fé. Ele dizia: "Vocês estavam mortos em suas
transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente
ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está
atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós (incluindo
Paulo) também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne,
seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza
merecedores da ira" (Efésios 2: 1 a 3 - o comentário entre parênteses
não consta do original). O que vem em seguida? Que um dia resolvemos crer e
tudo mudou? Que graças à nossa fé alcançamos a salvação? Não, felizmente não!
Paulo é bastante claro: "Todavia, Deus, que é rico em misericórdia,
pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda
estávamos mortos em transgressão - pela graça vocês são salvos. Deus nos
ressuscitou com Cristo e com Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em
Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de
sua graça, demonstrada em bondade para conosco. Pois vocês são salvos pela
graça, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.
Porque somos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus, para fazermos boas
obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos"
(versículos 4 a 10).
Paulo
está fazendo uma apologia da graça de Deus, a qual decorre de Sua bondade, de
Sua misericórdia, de Seu amor. Por Sua graça Ele nos deu vida juntamente com
Cristo, a fim de que Cristo fosse a nossa vida. Aí está a salvação da morte
eterna, a qual alcançamos quando cremos (pela fé que nos é dada por graça),
após o conhecimento da Palavra viva de Deus (Rhema) e a vivificação pelo
Espírito Santo.
Paulo
não fala de obra humana alguma nesse processo, nem mesmo em uma "obra da
fé" (como pregam alguns) ou de fé como manifestação do homem exigida para
a sua salvação. A fé, sem dúvida, é necessária à justificação e à salvação.
Mas, se a salvação é por graça, a fé necessariamente tem de ser. A graça é
responsável pela fé, e esta só nos é dada após a vivificação pelo Espírito
Santo, que nos faz ressuscitar juntamente com Cristo a fim de que vivamos a
vida de Cristo, pela fé dEle que, afinal, é o autor e consumador da fé (Hebreus
12:2). De fato, como pode o homem natural crer se ele está morto em delitos e
pecados, e vive por princípio na desobediência, sujeito ao poder do príncipe
das trevas?. Assim, só podemos crer depois da regeneração, da vivificação pela
Palavra e pelo Espírito. A regeneração antecede a fé, e não o contrário, como
querem os arminianos e os semi-pelagianos. Após a vivificação pelo Espírito
somos levados a ressuscitar juntamente com Cristo. Eis o conceito completo do
novo nascimento: nascer do alto, nascer da Palavra (que é Cristo) e do Espírito
(que nos vivifica). Por isso somos "criação de Deus realizada em
Cristo". Nem as boas obras que passamos a praticar são nossas, porque
Deus as preparou de antemão para que andássemos nelas (Efésios 2:10). Não há
nenhuma participação humana no processo de salvação, porque Deus é quem efetua
em nós tanto o querer quanto o efetuar (Filipenses 2:13), ou seja, quando o
homem sente a vontade de ser liberto do seu pecado, do seu "eu", essa
vontade já é manifestação da graça de Deus, pois por natureza, por livre e
espontânea vontade, ninguém poderia "negar-se a si mesmo"
(Marcos 8: 34 e 35).
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CONTINUA...
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