O perigo do
Semi-Pelagianismo
Em
termos de soteriologia, ou entendemos que a salvação é pela graça ou que ela
depende do homem. Não é possível conceber uma salvação pela graça que depende
do homem, embora seja esta a proposta do semi-pelagianismo.
Pelágio
foi um teólogo do século IV, que pregava que a salvação dependia exclusivamente
do homem. A graça, para ele, é uma revelação de Deus no Velho e no Novo
Testamento a qual ilumina o homem, dá instruções explícitas sobre Deus e sobre
como o homem deve comportar-se. A salvação dependeria, portanto, do
aprimoramento moral do homem realizado por ele mesmo. Adão, segundo Pelágio,
foi só um mal exemplo, e não o autor de nossa natureza pecaminosa - somos
pecadores porque temos pecados - e não o contrário. O último Adão, Jesus
Cristo, foi apenas um bom exemplo. A salvação consiste em seguir o exemplo de
Jesus em vez do de Adão, era o que pregava Pelágio, de forma que os homens não
precisam de um novo nascimento, mas sim de uma direção moral ("Pelagianismo:
a religião do homem natural", por DAWSON CAMPOS DE LIMA).
No
Pelagianismo, portanto, a graça não era influente na salvação. Fácil concluir
que tal ensinamento foi considerado heresia pela Igreja de Cristo nos
primórdios de sua história. No Concílio de Orange, em 529, condenou-se não
apenas o pelagianismo (os ensinamentos originais de Pelágio e seus adeptos),
mas também o semi-pelagianismo, segundo o qual a graça é necessária para a
salvação, mas a vontade do homem é livre para escolher cooperar com a graça
oferecida. Segundo DAWSON CAMPOS DE LIMA, "o Concílio de Orange
condenou também aqueles que ensinavam que a salvação poderia ser concedida no
simples ato de fazer uma oração, afirmando em lugar disso, com muitíssimas
referências bíblicas, ser necessário Deus despertar o pecador e lhe conceder o
dom da fé, antes que ele possa até mesmo
buscá-lo".
Assim,
se vivessem no tempo de Agostinho, muitas igrejas modernas que se consideram
cristãs seriam consideradas heréticas, pois são adeptas do semi-pelagianismo
não somente por suas declarações doutrinárias, mas também por suas práticas
eclesiásticas. AUGUSTUS NICODEMUS LOPES ensina: "O catolicismo
medieval, sob a influência de Aquino, adotou o semi-pelagianismo, no qual se
acreditava que o homem cooperava com a graça de Deus para a salvação" ("Pneumatologia
Reformada de Verdade"). Segundo o autor, "no século XVIII, uma
forma nova e levemente modificada de pelagianismo apareceu, que foi o
arminianismo. Existem algumas diferenças entre as duas posições, mas ambas são
sinergistas (o homem coopera para sua salvação) e mantém o mesmo conceito de fé
(uma decisão puramente humana de receber a Jesus Cristo, e não um dom
misericordioso de Deus)". Logo, como dissemos, os que advogam a
"graça parcial" em nossos dias estão seguindo as heresias pregadas
pelo pelagianismo e pelo semi-pelagianismo, que posteriormente veio a ser
sucedido pelo arminianismo, cuja teologia está contida, basicamente, nos cinco
pontos formulados pelos adeptos de Jacobus Arminius, os quais reacenderam os
ensinamentos de Pelágio no intuito indisfarçável de perpetuá-los.
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CONTINUA...
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