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segunda-feira, 11 de março de 2013

A FÉ É DOM DA GRAÇA - Parte 2

("Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras, para que ninguém se glorie" - Efésios 2: 8 e 9)



O perigo do Semi-Pelagianismo

            Em termos de soteriologia, ou entendemos que a salvação é pela graça ou que ela depende do homem. Não é possível conceber uma salvação pela graça que depende do homem, embora seja esta a proposta do semi-pelagianismo.
            Pelágio foi um teólogo do século IV, que pregava que a salvação dependia exclusivamente do homem. A graça, para ele, é uma revelação de Deus no Velho e no Novo Testamento a qual ilumina o homem, dá instruções explícitas sobre Deus e sobre como o homem deve comportar-se. A salvação dependeria, portanto, do aprimoramento moral do homem realizado por ele mesmo. Adão, segundo Pelágio, foi só um mal exemplo, e não o autor de nossa natureza pecaminosa - somos pecadores porque temos pecados - e não o contrário. O último Adão, Jesus Cristo, foi apenas um bom exemplo. A salvação consiste em seguir o exemplo de Jesus em vez do de Adão, era o que pregava Pelágio, de forma que os homens não precisam de um novo nascimento, mas sim de uma direção moral ("Pelagianismo: a religião do homem natural", por DAWSON CAMPOS DE LIMA).
            No Pelagianismo, portanto, a graça não era influente na salvação. Fácil concluir que tal ensinamento foi considerado heresia pela Igreja de Cristo nos primórdios de sua história. No Concílio de Orange, em 529, condenou-se não apenas o pelagianismo (os ensinamentos originais de Pelágio e seus adeptos), mas também o semi-pelagianismo, segundo o qual a graça é necessária para a salvação, mas a vontade do homem é livre para escolher cooperar com a graça oferecida. Segundo DAWSON CAMPOS DE LIMA, "o Concílio de Orange condenou também aqueles que ensinavam que a salvação poderia ser concedida no simples ato de fazer uma oração, afirmando em lugar disso, com muitíssimas referências bíblicas, ser necessário Deus despertar o pecador e lhe conceder o dom da fé, antes que  ele possa até mesmo buscá-lo".
            Assim, se vivessem no tempo de Agostinho, muitas igrejas modernas que se consideram cristãs seriam consideradas heréticas, pois são adeptas do semi-pelagianismo não somente por suas declarações doutrinárias, mas também por suas práticas eclesiásticas. AUGUSTUS NICODEMUS LOPES ensina: "O catolicismo medieval, sob a influência de Aquino, adotou o semi-pelagianismo, no qual se acreditava que o homem cooperava com a graça de Deus para a salvação" ("Pneumatologia Reformada de Verdade"). Segundo o autor, "no século XVIII, uma forma nova e levemente modificada de pelagianismo apareceu, que foi o arminianismo. Existem algumas diferenças entre as duas posições, mas ambas são sinergistas (o homem coopera para sua salvação) e mantém o mesmo conceito de fé (uma decisão puramente humana de receber a Jesus Cristo, e não um dom misericordioso de Deus)". Logo, como dissemos, os que advogam a "graça parcial" em nossos dias estão seguindo as heresias pregadas pelo pelagianismo e pelo semi-pelagianismo, que posteriormente veio a ser sucedido pelo arminianismo, cuja teologia está contida, basicamente, nos cinco pontos formulados pelos adeptos de Jacobus Arminius, os quais reacenderam os ensinamentos de Pelágio no intuito indisfarçável de perpetuá-los.
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CONTINUA...

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