("Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não de obras,
para que ninguém se glorie" - Efésios 2: 8 e 9)
O
cristianismo histórico tem-se dividido, quanto à questão da soteriologia, em 2
grandes grupos: os que pregam a "graça parcial" e os que pregam a
graça plena. Esta significa que a salvação depende de Deus somente; aquela
consiste na crença que Deus faz uma parte e o homem outra, de maneira que o
homem é agente da própria salvação. A diferença entre a graça plena e a
"graça parcial" é, paradoxalmente, tênue e gritante. É tênue na
medida em que a graça, nos dois casos, é admitida como causa da salvação. É
gritante, porquanto na graça plena Deus salva; na "graça parcial",
Deus providencia os meios, o chamado geral, e fica aguardando a "boa
vontade" do homem, a qual, em última análise, é que determina se o homem
vai ser salvo ou não.
A
graça plena, a meu ver, é tudo, ao passo que a "graça parcial" nada
é. É fácil verificar, até pela etimologia, que a "graça parcial" é
uma contradição de termos. Segundo "o Aurélio", "graça" (do
latim gratia) significa "favor dispensado ou recebido; mercê,
benefício, dádiva". Na concepção teológica do termo, "graça"
quer dizer "dom ou virtude especial concedido por Deus como meio de
salvação ou santificação; favor ou mercê concedida por Deus a uma pessoa".
Constata-se que a concepção de "graça" no dicionário é melhor do que
aquela encontrada em muitas declarações doutrinárias de igrejas ditas
evangélicas; diz mais do que muitos sermões que tentam explicá-la.
O
que quero demonstrar é que pela própria origem do termo não pode haver
"graça parcial" ou condicional. Ou há graça plena ou não há graça. Um
exemplo: Resolvo dar um banquete e digo para alguém: "Você não precisa
pagar nada para participar do banquete"; e a outro digo: "O ingresso
para o banquete custa R$ 0,05 (cinco centavos)". Pergunto: qual dos dois
entrou de graça ou por graça? o primeiro, certamente. Escolhi como preço para a
entrada do segundo a moeda mais insignificante do padrão monetário nacional
para provar que não importa o valor exigido; desde que ele exista,
descaracterizada está a gratuidade da vantagem concedida. Não resolve pensar
que foi quase de graça. Quase é algo que não se completou. "Graça
parcial", portanto, não é graça.
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CONTINUA...
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