"Dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de
nada tenho falta. Mas não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e
cego, e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te
enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a
vergonha da tua nudez; e colírio, para ungires os teus olhos, a fim de que
vejas" (Apocalipse 3: 17 e 18)
Nada parece ser mais triste do que uma miséria tal que envolva pobreza, nudez e cegueira. Alguém que assim se encontre é certamente digno de piedade. No texto em comento, esse alguém é nada menos do que o pastor da igreja em Laodicéia. E não apenas ele, mas também as suas ovelhas, afinal "quais púlpitos, tais os bancos".
A
igreja em Laodicéia, conforme descrita no Apocalipse, é um "tipo" (*) da igreja dos tempos do
fim (não estamos nos referindo à igreja que se auto denomina de "igreja dos santos
dos últimos dias"). Sabemos, sem muito esforço exegético, que essa é a igreja da
atualidade (note-se: igreja com "i" minúsculo, haja vista tratar-se
de uma igreja meramente nominativa. Não se trata da verdadeira Igreja de
Cristo). Considerando-se rica, abastecida e auto-suficiente, na realidade está
ela desprovida da presença do Altíssimo e, por isso mesmo, encontra-se pobre,
cega e nua. Sua condição de completa miséria decorre da presunção de ter tudo,
quando na realidade nada possui. Diz pertencer a Deus, mas pertence ao diabo.
Diz ser espiritual, mas é carnal. Diz ser viva, mas de fato está morta em seus delitos
e pecados, porquanto desprovida da glória de Deus na pessoa de Cristo. Trata-se
de uma igreja que não conhece o Deus a quem diz servir e pertencer. O quadro é
triste, a visão é desoladora, a realidade espiritual que o tipo encerra é
assustadora, principalmente quando vemos o seu antítipo por toda parte.
O
que uma igreja nessa condição precisa é da presença do Deus trino, o que fica
patente no conselho dado por Jesus por intermédio do apóstolo João. Os três
itens de que a igreja em Laodicéia tinha falta apontavam para a Trindade: OURO
refinado pelo fogo, representando Deus-Pai; VESTES BRANCAS, representando
Deus-Filho e; COLÍRIO, representando o Deus-Espírito.
Ouro Refinado pelo Fogo
Em
Jó 22:25 lemos: "Então o
Todo-Poderoso te será por ouro" ou, em outra versão, "o Todo-Poderoso será o seu ouro".
No Tabernáculo que Deus ordenara a Moisés construir, várias peças de madeira
eram revestidas de ouro, a exemplo das tábuas, do altar, da mesa dos pães da
Presença e da Arca. O Tabernáculo era uma representação do próprio Cristo. A
madeira representava Sua humanidade, e o ouro a Sua natureza divina. ADA
HABERSHON observou com propriedade: "Era o Deus-homem; e o ouro, o divino,
embora estivesse freqüentemente encoberto da vista, via-se no decurso da
totalidade da vida de Jesus, nos milagres que operava e nas palavras que
falava. No monte da transfiguração essa glória foi plenamente vista; e mesmo
quando Jesus se humilhou e se tornou obediente à morte, à morte de cruz, o
centurião e aqueles que estavam com ele disseram: 'Verdadeiramente este era Filho
de Deus'". A natureza divina estava em Cristo, assim como está em todos
aqueles que estão em Cristo, que são nascidos do Alto, que foram feitos filhos
de Deus e participantes de Sua natureza.
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(*) (em teologia
"tipo" significa "representação")
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CONTINUA...
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