É
interessante notar que o fruto da árvore boa não são obras, mas disposição
interior, caráter transformado que se manifesta no comportamento. A árvore boa
produz o fruto do Espírito, e este se reflete nas ações do regenerado. A árvore
má produz obras más, que jamais poderão ser comparadas ao fruto do Espírito. Em
outros termos, qualquer obra praticada por um pecador é uma obra má, não
interessa sob que pretexto seja realizada, e esse pecador pode até sugerir a si
mesmo que está produzindo o fruto do Espírito, mas, por esforço próprio ele
jamais conseguirá fazê-lo. Sempre tropeçará e se frustrará consigo mesmo.
A
questão é de natureza, não de atitude. Por isso, Jesus falou a Nicodemos, um
religioso proeminente de sua época, que ele precisava nascer de novo. A
religião para nada presta se não houver novo nascimento, se a divina semente
não for plantada no coração do homem, religioso ou não. Deus, como semeador, é
quem realiza essa obra de trocar o coração do pecador por um novo coração. Para
tanto, Ele mandou Seu Filho à cruz para atrair nossa natureza pecaminosa a si,
crucificando-a para que fôssemos libertos da semente do inimigo que estava
arraigada ao nosso coração, ao nosso espírito, a saber, o pecado. Cristo morreu
para o pecado (Romanos 6:10) que não era o dele (pois Ele nunca teve pecado),
mas sim o nosso, a fim de que mortos para o pecado juntamente com Ele
pudéssemos ter vida na Sua ressurreição, vida esta que nos é dada pelo Espírito
Santo que em nós habita e nos habilita a crermos e a nos arrependermos do que
éramos, após a obra da vivificação (Efésios 2: 1 a 10).
É importante, nesse ponto, frisarmos o
que é pecado. Nesse mister, convém indagar: Para qual tipo de pecado teria
Cristo morrido? Qual a diferença entre pecado e atos pecaminosos? Certamente
Cristo morreu para o pecado como natureza; Ele não atraiu atos pecaminosos, mas
sim a natureza pecaminosa do homem. Conforme está escrito em I João 3:8,
"Quem comete pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio.
Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo".
Ao vir Jesus, João Batista testificou: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo!" (João 1:29). Portanto, Cristo veio para destruir as obras
do diabo, e a principal delas é o pecado (não os pecados). Como ensinou nosso
irmão LUIS CARLOS DOS SANTOS, o diabo é autopecador. Comentando o texto
de Ezequiel 28: 14 a 16, asseverou: "Lúcifer era uma das criaturas mais
privilegiadas no céu, entretanto escolheu, sem que ninguém o induzisse, formar
para si um império. A partir desse desejo, foi achado iníquo, isto é,
apresentou desequilíbrio que o levou à injustiça. Por isto foi profanado e
expulso do paraíso de Deus. Neste ponto entendemos que o homem é heteropecador
e o diabo autopecador. Aquele pecou porque foi tentado e enganado, mas este por
escolha própria" (estudo "Pecado I"). A obra do inimigo,
portanto, foi inocular o pecado na natureza do homem. O diabo, então, plantou a
semente do pecado em Adão, que gerou uma raça caída e escravizada por esse
pecado, que é chamado de "pecado original".
A
propósito, na BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA encontramos interessante lição
sobre "Pecado Original e Depravação Total" que transcreveremos
resumidamente:
""Pecado
original", que quer dizer pecado derivado de nossa origem, não é uma
expressão bíblica (a expressão é de Agostinho), mas coloca em foco a realidade
do pecado no nosso sistema espiritual. A expressão "pecado original"
não significa que o pecado faça parte da natureza humana como tal, pois
"Deus fez o homem reto" (Ec. 7:29). Nem significa que o processo de
reprodução e nascimento seja pecaminoso; a impurea associada à sexualidade na
Lei (Lev. 12:15) era típica e cerimonial e não moral. Mais exatamente, "pecado
original" significa que a pecaminosidade marca a cada um desde o
nascimento, na forma de um coração inclinado para o pecado, antes de quaisquer
pecados de fato cometidos. Essa pecaminosidade íntima é a raiz e a fonte desses
pecados atuais. Ela nos foi transmitida por Adão, nosso primeiro representante
diante de Deus. A doutrina do pecado original nos diz que nós não somos
pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma
natureza escravizada ao pecado" (Comentários ao Salmo 51:5, p. 650).
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