Portanto,
precisamos ser árvores boas para dar frutos bons. Não é possível imaginarmos
que nossas obras são boas se o nosso coração é mau; que o nosso falar e nossas
obras não nos fazem reprovados, se nunca experimentamos uma troca de coração. A
fonte precisa ser boa, e para isso tem de haver uma transformação porque por
natureza toda árvore é má. Normalmente, as árvores más que supostamente
produzem frutos bons são os religiosos. A religião, como iniciativa do homem em
relação a Deus à parte da graça de Deus, é um grande engano. No tempo de Jesus,
os religiosos foram duramente criticados por Ele, sendo o principal grupo
deles, que mais se gabava de serem árvores boas, constituído pelos fariseus,
sobre os quais Jesus declarou: "Hipócritas, bem profetizou Isaías a
vosso respeito: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está
longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de
homens" (Mateus 15: 7 a 9).
Aí
vemos que o que realmente importa é o coração, não a aparência nem as palavras
consideradas em si mesmas. A confissão dos lábios nem sempre revela o que está
dentro do coração do confessor ou as suas reais intenções. As igrejas cristãs,
de um modo geral, estão repletas de religiosos e de pretensos adoradores, que
falam como se fossem árvores boas, mas cujo coração ainda não foi transformado.
Precisamente a esse tipo de pessoas se dirigiu Tiago dizendo que não pode
jorrar benção e maldição da mesma boca, isto é, a adoração que é feita e o
louvor que é prestado em locais considerados próprios para isso são muitas
vezes desmentidos pela conversa torpe em outros locais e ocasiões, nos quais
apresenta-se o pretenso adorador ou religioso despido de sua capa, de suas
vestes, de sua máscara, revelando com a boca o que há em abundância em seu
coração. Todavia, uma pessoa que assim procede é um paradoxo ambulante, um
hipócrita.
Jesus
foi enfático: "O que contamina o homem não é o que entra pela boca,
mas o que sai da boca" (Mateus 15:11). Não entendendo os seus
discípulos, naquela ocasião, o que isso significava, Ele explicou: "Ainda
não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é
lançado fora? Mas o que sai da boca procede do coração, e é isso o que contamina
o homem. Pois do coração procedem maus pensamentos, assassínio, adultério,
prostituição, furto, falso testemunho, blasfêmia. São estas coisas que
contaminam o homem" (Mateus 15: 17 a 20-a).
A
palavra que sai da boca do homem é que o contamina. Em outros termos, a água
que jorra da fonte revela a natureza dessa fonte. Não queira parecer um filho
de Deus sem ter a fonte transformada, do contrário sua própria boca o trairá,
como também as suas atitudes. Temos de ser sinceros nessa questão mais do que em
qualquer outra. Não se importe com a opinião alheia. Peça a Deus que sonde o
seu coração, como pediu o salmista: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho
mau e guia-me pelo caminho eterno" (Salmos 139: 23 e 24). Não
queiramos ser como os fariseus, aos quais Jesus chamou de "sepulcros
caiados", os quais na aparência exterior são muito belos, mas por dentro
estão cheios de sujeira e podridão.
(continua...)
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