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quinta-feira, 14 de julho de 2011

DEVER, PODER E QUERER - Parte 9

QUERER

            Diz-se que o homem antes da queda detinha a liberdade da vontade, o que se convencionou chamar de "livre-arbítrio". Tal liberdade o homem a tinha em si mesmo, estando portando sujeito a perdê-la, o que efetivamente foi feito após a escolha errada em face da errônea interpretação quanto ao "não comerás". A liberdade de escolha, ou o livre exercício da vontade, era por assim dizer mutável, por isso Adão a perdeu quando pecou.
            A Confissão de Fé de Westminster, em seu Capítulo IX, seção 2, declara: "O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mutavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder". Concordamos em parte com a doutrina esposada. A liberdade humana antes da queda era limitada, porque a liberdade verdadeira e plena só pode ser conquistada em Cristo. Ademais, o homem só pode ser agradável a Deus "no Amado". Como dissemos no primeiro estudo da série, o dever-ser é, sempre foi e sempre será Cristo. A queda, uma revelação de que a liberdade sem Cristo é um mito. Depois da queda, a "liberdade" se tornou escravidão, pelo que o "posse non peccare" agora se transformou em "non posse non peccare", o que exclui qualquer possibilidade de o homem cooperar na questão de sua salvação.
            DEVERN F. FROMKE, a propósito, comenta: "Quando Adão primeiramente apareceu no maravilhoso Jardim do Éden, ele foi colocado naquele nível intermediário: em liberdade. A escolha que ele tinha diante de si era ou tornar-se um escravo de amor para Deus, ou tornar-se um escravo debaixo da lei. Desde o momento em que Adão escolheu seu próprio caminho egoísta, toda a raça humana tem necessitado de uma lei exterior para refrear suas inclinações egoístas. Seria maravilhoso se pudéssemos começar, como Adão, naquele nível intermediário de liberdade. Mas todos, por causa de suas inclinações interiores para o egoísmo e rebelião contra Deus, necessitam de um Salvador para tirá-los da escravidão e do pecado" ("Supremo Propósito", p. 141).
            Além de não ser possível ao homem salvar-se, ou cooperar na salvação (por incapacidade e ausência de permissão divina), também não faz parte de sua constituição o querer ser salvo. Com efeito, defrontando-se com a idéia dicotômica de céu e inferno, é lógico e razoável que queira o céu. Ninguém quer ficar "queimando no inferno", como bem disse C. D. COLE. Todavia, quando se trata de aceitar a salvação em sua inteireza, envolvendo aí a libertação do "eu" e do pecado, o ser humano, por conta própria, não se manifesta favorável. Como pode alguém negar a si mesmo? Como pode querer ser liberto de si mesmo? É essa a proposta do Evangelho: Morte para o "eu" e vida para Deus em Cristo. Isso o homem natural não quer, até porque não entende o Evangelho por si só. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente, como nos ensina Paulo em I Coríntios 1: 9 a 16. O Evangelho permanece encoberto para aqueles que estão se perdendo. Para que sejam salvos, é mister uma intervenção divina, através do Seu Espírito, para convencer o homem de seu estado pecaminoso, de cegueira e morte espiritual.
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CONTINUA...

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