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sexta-feira, 15 de julho de 2011

DEVER, PODER E QUERER - Parte 10

            MARTINHO LUTERO declarou: "a prova máxima do pecador é ele não conhecer o seu próprio pecado". Em sua clássica obra "A Escravidão da Vontade", o mártir da reforma protestante explica com muita propriedade que o "livre-arbítrio" foi perdido com a queda, de maneira que a liberdade de um escravo do pecado é uma contradição de termos, e só pode ser exercida no sentido do próprio pecado. Existe uma lei operando em seus membros: a lei do pecado. Assim como a lei da gravidade opera no universo atraindo todos os corpos ao centro da terra, a lei do pecado atrai para baixo aqueles que estão sob seu domínio.
            É preciso, portanto, uma nova lei que liberte o homem dessa escravidão: é a lei do Espírito de vida, que vigora através da graça divina revelada em Cristo.
            Ao refutar as idéias de Erasmo de Roterdã a respeito do "livre-arbítrio" escreveu LUTERO: "Você assevera que o "livre-arbítrio" é a capacidade que a vontade humana tem, por si mesma, de decidir se aceita ou não a palavra e as obras de Deus. Isso equivale a fazer com que a vontade humana seja capaz de escolher entre o céu ou o inferno. Isso significa que não há espaço para a atuação do Espírito Santo ou para a graça divina. Isso põe a vontade humana no mesmo nível de Deus. Os pelagianos também fizeram isso. Mas você os ultrapassa! Eles distinguiam em duas parte o "livre-arbítrio" - o poder de compreender a diferença entre as coisas e o poder de escolher entre elas. Porém, para você o "livre-arbítrio" tem o poder de escolher coisas eternas, embora seja totalmente incapaz de entendê-las. Desse modo, você criou um "meio livre-arbítrio". Além disso, você contradiz a si mesmo, porquanto uma vez afirmou que "a vontade humana nada pode fazer sem a graça divina". No entanto, quando você chegou a escrever uma definição do "livre-arbítrio", concedeu total liberdade para a vontade humana. Você é um homem muito estranho! Prefiro até mesmo o ensinamento de alguns filósofos aos seus. Eles diziam que um homem entregue a si mesmo só faria o que é errado. O homem só poderia escolher o bem com a ajuda da graça divina. Eles diziam que os homens são livres para decair, mas que precisam de ajuda para elevarem-se! Porém, é motivo de riso chamar a isso de "livre-arbítrio". Com base em tais conceitos, eu poderia afirmar que uma pedra tem "livre-arbítrio", pois só pode cair, a menos que seja erguida por alguém! O ensino daqueles filósofos, porém, ainda é melhor do que o seu. A sua pedra, Erasmo, pode escolher se sobe ou desce!" (in "Nascido Escravo", Ed. Fiel, 1a. edição, 1992, p. 40/41).
            O ensinamento de Lutero tem respaldo na Palavra de Deus e vem corroborar o que queremos demonstrar quanto à vontade humana. Se a liberdade do homem é direcionada no sentido da queda, isto é, do pecado, não se trata de liberdade. A questão não envolve apenas atitudes, mas a natureza do homem. Este, ainda que faça o bem, não pode alcançar a Deus ou a salvação que vem dEle mediante suas obras. Todavia, o problema é ainda mais grave. O homem natural não apenas não pode buscar a Deus, mas também não quer fazê-lo. Sua vontade é escrava de sua natureza pecaminosa. O Salmista descreve bem essa situação: "O Senhor olha dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus. Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer" (Salmos 14: 2 e 3). No Capítulo 53, versos 2 e 3 do mesmo livro vemos essa verdade repetida, a qual foi transcrita por Paulo em Romanos 3: 9 a 20.
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CONTINUA...

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