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terça-feira, 12 de julho de 2011

DEVER, PODER E QUERER - Parte 7

            Nesse aspecto da salvação, portanto, cabe a Deus-Pai o cuidado com os filhos que adotou em Cristo, e esse cuidado é eterno, e se realiza pela santidade da vida do Filho. Nele reside a plenitude da divindade, e nEle somos desenvolvidos por graça, segundo a iniciativa, a vontade e o propósito divinos. Em Hebreus 10:14 lemos que o sacrifício de Cristo aperfeiçoou de uma vez por todas aqueles que estão sendo santificados. Logo, o que Deus desejava realizar por meio de Cristo em minha vida Ele já realizou, de acordo com o Seu propósito eterno, e por meio dos eternos efeitos do sacrifício do Cordeiro. A manifestação disso no tempo é que nos confunde, mas para Deus não há passado, nem presente, nem futuro, e o que Ele queria realizar por intermédio do Filho está realizado.
            Se é verdade que não participamos do processo de redenção, também não participamos da santificação. Dela somos meros recipientes, não agentes. Como crianças recém-nascidas dependemos totalmente de Deus e, portanto, necessitamos do “puro leite espiritual”. Não somos capazes de nos tornar mais santos do que somos, nem nos é permitido fazê-lo. O Espírito Santo é que produz a vida do Santo em nós, e nos desenvolve ao longo de nossa existência terrena até aquele ponto em que Deus já determinou. Lembremo-nos de que todos os nossos dias já estavam contados antes mesmo de virmos à existência (Salmos 139:16).
            Em uma terceira fase, temos a salvação da presença do pecado, a saber, a glorificação do corpo. Talvez nessa fase seja mais perceptível a soberania e o poder de Deus. Isso porque nenhum salvo sabe quando vai morrer, e quando morrer estará sujeito a uma realidade preparada por Deus, tendo a promessa futura de novos céus e nova terra, em que o pecado não se manifestará, pois o que é corruptível (carne e corpo) se revestirá de incorruptibilidade. Corpos terrenos serão transformados em corpos espirituais, conforme nos ensina Paulo em I Coríntios 15: 45 a 57. Em Filipenses 3:21, referindo-se ao nosso Salvador e Senhor, Paulo escreve: “Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso”.
            A regeneração do espírito, a santificação da alma e a glorificação do corpo são, portanto, fases do viver do salvo em que a manifestação da graça e do poder de Deus se fazem presentes, nada havendo em nós que possa contribuir de alguma maneira para o sucesso da empreitada. Deus age soberanamente e graciosamente em nós, de maneira que possamos começar a entender, e louvar, a Sua glória, o Seu poder e a Sua graça. O Salmista bem percebeu essa atuação completa ao declarar: “É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão” (Salmos 103: 3 e 4). Espírito, alma e corpo são recipientes da ação divina, e por causa da Sua fidelidade Ele nos apresentará perante Ele mesmo santos e irrepreensíveis: “Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama é fiel, e fará isso” (I Tessalonicenses 5: 23 e 24).
            Deus se apresenta em Sua Palavra como o “Todo-Poderoso”. Nele, de fato, está todo o poder. O que é impossível para o homem é perfeitamente possível para Deus. Por isso, o maior exemplo de cristão concluiu que nEle, isto é, naquele que o fortalecia, era possível ao apóstolo suportar ou estar contente em qualquer situação. Judas, por sua vez em sua doxologia, revela em quem está o poder: “Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria, ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre! Amém” (Judas 24).
            Destarte, em todas as esferas da salvação, inclusive aquela que somos instados a desenvolver (ou, a por em ação), vemos que a ação é, na realidade, divina, segundo a operação da graça e do poder de Deus. Quando reconhecemos que nada podemos em nós mesmos, mas que Deus tudo pode, começamos a experimentar a atuação do Seu poder. Como bem disse JOHN OWEN, “Não teremos nenhum poder de Deus, a não ser que sejamos convencidos de que não temos nenhum poder em nós mesmos”. Graças a Deus, esse convencimento é obra dEle, que opera na fraqueza. Temos um tesouro em vasos de barro, isto é, a vida de Cristo em corpos corruptíveis, para que entendamos que a excelência do poder é de Deus, e não nossa (II Coríntios 4:7). A nossa força, que não é nossa, está na nossa fraqueza.
            Glórias sejam dadas ao Deus eterno por Sua maravilhosa graça revelada no Evangelho, que opera em nós uma salvação completa, de acordo com Seu grande poder, segundo o beneplácito da Sua vontade.
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CONTINUA...

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