CHARLES STANLEY comenta:
"Você
não pode dizer "quando estávamos na carne", a menos que tenha sido
libertado daquele estado. Você não pode dizer "quando estávamos em
Londres", a menos que tenha saído de lá. É muito importante entender isto.
Com freqüência pergunta-se: Será que esta parte do capítulo 7 trata da
experiência apropriada a um cristão? Certamente que não, pois se fosse, não
estaria dizendo "quando estávamos na carne". Pode ser, como logo
veremos, a experiência pela qual a maioria, se não todos, os cristãos já
passaram. Mas costuma-se dizer que esta é a experiência de um inconverso.
Tampouco pode ser isto; pois os inconversos não têm prazer na lei de Deus no
homem interior (Romanos 7:22). Trata-se, evidentemente, da experiência de uma
alma vivificada, nascida de Deus, uma nova criatura que se apraz na lei de Deus
no homem interior; mas alguém que ainda continua debaixo da lei, e ainda não
aprendeu o que é a libertação pela morte.
O
correto seria dizermos que a experiência descrita do versículo 5 ao 24 é a
miserável experiência de uma pessoa nascida de Deus, se for colocada debaixo da
lei. E quando nos lembramos de quantos cristãos estão exatamente nesta
condição, não é de se estranhar que tantos sintam-se tão miseráveis. Portanto
devemos entender que as palavras "porque, quando estávamos na carne",
significam quando estávamos na carne sob o primeiro marido, a lei. A lei só
pode se dirigir ao homem como a um que está vivo. Era assim que ela considerava
o homem, ordenando e exigindo obediência, se fosse o caso de alguém sujeito a
ela e vivo na carne. Uma vez morto, todos os mandamentos e exigências cessam.
Você não pode dizer a um homem morto para amar a Deus ou ao seu próximo; mas
enquanto estiver vivo em uma natureza que só pode pecar, o mandamento só produz
transgressão. A lei devia requerer justiça; mas como o homem não era justo,
porém culpado, ela tornou-se assim um ministro de justiça e morte.
Todavia,
a porção do cristão é esta: considerar-se morto com respeito à carne, mas vivo
para Deus. Uma vida inteiramente nova, proveniente de Deus".
E, arremata:
"Somente uma alma libertada pode entender a
horrível experiência descrita no que se segue. O inconverso ou o iludido
fariseu nada sabem acerca dessa amarga experiência. Trata-se exatamente da
ocasião em que a nova e santa natureza foi implantada, e junto com ela o
profundo anseio por uma verdadeira santificação; para então descobrir não ter poder
na carne para fazer aquilo que desejaríamos. Sim, a lei do pecado e da morte é
como um senhor de escravos, e não há poder para fugir dele. E quanto mais
tentarmos guardar a lei, dirigida a homens como vivos na carne, mais profunda
será a miséria de fazermos as mesmas coisas que a nova e santa natureza tanto
odeia. Sim, algo que não traria nenhuma dificuldade para um inconverso, ou para
um que não é nascido de Deus, enche a alma vivificada de intensa miséria"
("VIDA ATRAVÉS DA MORTE", p. 70, 71 e 72).
Embora regenerada no espírito, a
nova criatura em Cristo está em processo de santificação na alma, até quando seu
corpo será glorificado, transformado à semelhança dAquele que o vivificou. A
Palavra (que é Cristo) e o Espírito Santo são os agentes coadjuvantes nesse
processo; e, nós, os recipientes ou receptáculos dessa ação libertadora.
Quem demonstra ser insaciável no
pecado ainda não passou por nenhuma etapa desse processo, que começa, de acordo
com a vontade de Deus, com o querer dEle, pelo qual começamos a nos sentir
insatisfeitos com o pecado. Uma vez insatisfeitos, uma vez notória e patente a
nossa condição de escravos, o querer de Deus também efetuará o desejo de
libertação verdadeira. Quem ainda permanece morto no pecado não consegue
perceber a sua escravidão e, portanto, não pode desejar a verdadeira libertação
do Filho de Deus. Na verdade, ele acaba supondo que já está liberto, a par da
obra do Calvário. Um exemplo claro disso está registrado em João 8: 31 a 47,
passagem em que vemos alguns religiosos que sequer se consideravam escravos do pecado,
e se auto-intitulavam filhos de Deus, simplesmente porque eram filhos de Abraão
segundo a carne. Nada obstante, o que é nascido da carne, é carne. O que o
homem precisa é do nascimento que vem do Espírito Santo para que seu espírito,
antes morto, tenha Vida, a vida de Cristo.
__________
CONTINUA...
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