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quarta-feira, 22 de maio de 2013

DE INSACIÁVEIS A INSATISFEITOS - Parte 1


"Têm os olhos cheios de adultério, e são insaciáveis no pecado; engodam as almas inconstantes; têm um coração exercitado na ganância, são filhos da maldição" - II Pedro 2:14


            É possível que a simples leitura do título e do texto-base leve o leitor mais desatento e preguiçoso a pensar que estamos desenvolvendo um raciocínio vicioso, que parte de um ponto e retorna a esse mesmo ponto. Insaciável é, até pela etimologia, equiparável a insatisfeito, sendo mesmo termos sinônimos, conforme Aurélio Buarque de Holanda. Aquele que nunca se sacia é, sem dúvida, um insatisfeito. Mas, o que dizer da expressão "insaciável no pecado"? Trata-se de característica dos falsos mestres, no ensino do apóstolo Pedro, mas é também traço marcante de qualquer pessoa que se encontre escravizada pelo pecado: "Prometem-lhes liberdade, sendo eles mesmos escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo" (II Pedro 2:19). Interessa notar que tal expressão aparece uma única vez nas Escrituras, precisamente no texto indicado. Obviamente, pode ser que apareça de outras maneiras, sob outra roupagem, em termos que exprimam a mesma idéia, não sendo o escopo desta meditação ficarmos retidos em seu significado, haja vista ser mais importante, como já dito, a análise de sua associação à escravidão do pecado.
            O descendente de Adão nasce nessa condição: escravo do pecado. Por isso é impossível ao mesmo saciar-se no pecado. Nesse pensar, entendemos que o homem natural é, ao mesmo tempo, insatisfeito, conquanto esteja sempre buscando satisfação no pecado. O refrão da música de Mick Jagger é uma realidade para todos os que vivem escravizados ao pecado: "I can't get no satisfaction" (eu não consigo me satisfazer). De fato, como conseguir paz, felicidade ou satisfação no pecado? Existem coisas mais importantes para o homem do que essas três, isto é, paz, felicidade e satisfação? De acordo com o padrão do mundo, o paraíso seria a conjugação dessas três metas. Se eu tenho paz, se estou feliz, e ainda por cima satisfeito, o que mais poderia querer? Todavia, no pecado nenhum desses três ideais pode ser atingido. Alguém já disse que não há nada que devamos temer mais do que a paz no pecado, ou a paz com o pecado. Isso implica dizer que se ainda estamos no pecado, e ele em nós, não podemos estar contentes com essa falsa paz, mas devemos temê-la. Por outro lado, se pensamos não estar mais no pecado, mas convivemos tranqüilamente com ele, é de se indagar se não estamos nos iludindo. Precisamos do temor do Senhor nessa questão.
            Quem está morto no pecado não se incomoda com as manifestações do pecado, mas também não se sacia com ele. Vale dizer: não há nada que faça tal homem pleno, saciado, em paz, feliz e satisfeito. Assim, ele sempre se aprofundará no pecado, no seu próprio ego, nas coisas do mundo, até mesmo na religião, em busca de paz, felicidade e satisfação, mas jamais as obterá, qualquer que seja a válvula de escape que tenha escolhido. Trata-se de escravidão que só pode ser desfeita na cruz de Cristo. O Cordeiro de Deus precisou morrer para o pecado (o nosso), que atraiu a Seu corpo, a fim de que, morto para o pecado, ressuscitasse em Espírito, levando-nos a ressuscitar juntamente com Ele, de modo que, em última análise, andemos nós em novidade de vida, assim como Cristo agora vive para Deus. A propósito, vale lembrar: "O Calvário mostra como os homens podem ir longe no pecado, e como Deus pode ir longe para salvá-los" (H.C. TRUMBULL).
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CONTINUA...

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