O homem natural não pode, no pecado,
viver para Deus. Ele vive apenas para si mesmo, criando mecanismos de
auto-satisfação (a exemplo da religião), que na realidade não satisfazem. Logo,
é de se reconhecer que quem foge para as drogas, para os psicotrópicos, para os
entorpecentes, está tanto em busca de satisfação quanto aquele que mergulha na
religião. Não sem razão a religião já foi considerada “o ópio do povo”, sendo, ademais, uma iniciativa do homem, pelo
homem, e para o homem, que não pode gerar libertação verdadeira, apenas ilusão,
alienação e insatisfação. A religião não apenas não pode salvar o espírito,
como também não sara as enfermidades da alma, não trazendo, portanto, benefício
ao corpo.
Nosso maior problema somos nós
mesmos. O que há em nós que nos torna tão problemáticos é o pecado, que passou
a fazer parte da nossa estrutura desde que Adão pecou e transmitiu o seu genoma
(incluindo o pecado) aos seus descendentes: "Porque todos pecaram e separados estão da glória de Deus"
(Romanos 3:23). O pecado gerou um espírito morto (separado de Deus), uma alma
enferma e um corpo doente. A primeira etapa da obra de restauração do homem é a
destruição do pecado no espírito (zoé), e a simultânea introdução de um novo
espírito unido ao Espírito de Deus. Por isso, Pedro nos diz que fomos feitos participantes
da natureza divina, após ter escapado da corrupção que pela cobiça há no mundo.
E o que vem a ser essa cobiça que gera corrupção? A própria raiz do pecado, que
a lei veio ressaltar, pois, no dizer de Paulo, "eu não conheceria a concupiscência (a cobiça) se a lei não dissesse:
Não cobiçarás!" (Romanos 7:7-b). Dessa maneira, o pecado, tomando
ocasião pelo mandamento (a lei) me enganou, e por ele me matou. Assim, a lei
que era para a vida se tornou para a morte, por causa do pecado revelado. Precisamos,
portanto, morrer para o pecado, para que possamos morrer para a lei, para o
"eu", para a religião (o esforço próprio) e para o mundo (com suas
paixões e concupiscências).
Se alguém lhe disser que há algo
mais envolvido nesse processo do que a simples graça de Deus em Cristo, não
acredite. Se a cruz de Cristo não for suficiente para operar essa completa
libertação, nada mais será. Por isso, Jesus não poderia olvidar essa conclusão:
"Se o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres" (João 8:36). O Apóstolo Paulo, no texto de Romanos 7, conclui dando graças a Deus por Jesus
Cristo, pois estava certo de que, apesar de sua miséria (sob o ponto de vista
humano), Cristo é suficientemente poderoso para livrá-lo do "corpo desta morte", estigmatizado pela "lei do pecado".
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CONTINUA...
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